Pedidos de falência e recuperação judicial de grandes empresas, como a companhia de telefonia Oi, podem ter efeitos sobre o rendimento de fundos de investimentos amplamente oferecidos por gerentes de bancos. Parte da aplicação feita pelos gestores pode ser direcionada a títulos de dívida privada, emitidos pelas empresas para captar dinheiro no mercado.
No caso da Oi, a dívida total é de R$ 65,4 bilhões. Segundo dados da consultoria Economática, a companhia tinha R$ 519,1 milhões em ativos dentro de carteiras abertas. Isso trouxe à luz um importante alerta: é preciso saber para onde exatamente está indo seu dinheiro investido, mesmo em aplicações em fundos.
O professor de finanças do ISAE/FGV Marco Cunha explica que fundos de renda fixa administrados por bancos e gestoras podem adquirir debêntures, que são títulos de dívidas emitidos por empresas. Acontece que quando estas empresas não vão bem, os fundos também são afetados.
E o que é necessário para investir de forma mais segura? Ao que tudo indica, a saída é prezar pela transparência. O coordenador do curso EAD em Finanças Pessoais da Universidade Positivo Raphael Cordeiro esclarece que, antes de comprar a parcela de um fundo, é bom consultar a carteira com os nomes das empresas que a integram. Segundo Raphael, estes dados podem ser obtidos nos próprios bancos em que se faz o investimento, além de estarem disponíveis no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é atualizado a cada três meses.
O passo seguinte, de acordo com o especialista, é avaliar os índices das instituições listadas. Detalhes, como o histórico de crescimento, a credibilidade e os atuais gestores devem ser analisados com cautela, de preferência, com o apoio de um consultor financeiro.
Encontrar um bom profissional de finanças é outra tarefa importante. Orientações podem ser conseguidas nos bancos ou com consultores contratados. A embaixadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF) no Paraná, Fernanda Garcia, orienta que se recorra a consultores que possuam certificações, como o Certified Financial Planner (CFP), pois isso tende a assegurar a qualificação do prestador de serviços.
Fernanda acrescenta que não existe uma receita pronta para investir bem e que, antes mesmo de buscar as coordenadas de um especialista, o investidor deve definir suas perspectivas e anseios quanto ao que vai aplicar. “É indispensável se certificar de aspectos como o prazo que se tem para investir, os objetivos da operação e a quantia disponível em caixa”.
Informação é fundamental
A professora Ana Paula Mussi Szabo Cherobim, Diretora do setor de Ciências Sociais Aplicadas da UFPR, classifica os investidores em dois grandes perfis: os com muito dinheiro e conhecimento, que, em geral, se lançam a operações de riscos maiores, como aplicações na Bolsa de Valores, e os inexperientes e com menos dinheiro, que tendem a ser mais moderados em suas aplicações, buscando sempre o menor risco. Ela salienta que a estes que ainda têm pouco domínio de mercado não faltam fontes de informações. “Sites, como o da Bolsa de Valores, do Tesouro Direto e do Banco Central, disponibilizam cursos online sobre o assunto. Mas é preciso estudar muito”.