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Renda fixa

Fique atento aos riscos do investimento no Tesouro Direto

 | USP Imagens/Fotos Públicas

Os títulos do Tesouro Direto estão entre os investimentos mais recomendados pelos especialistas. Com rendimentos melhores que os da poupança, os papeis chamam a atenção pelo baixo risco de crédito, mas isso não significa que estejam isentos dos riscos de mercado, que decorrem das variações dos juros e da inflação e do tempo que o dinheiro será mantido nas aplicações.

O medo dos investidores de que o país quebre e seja declarada moratória da dívida interna, um dos mais comuns entre os poupadores, é considerado remoto pelos analistas. Isso porque os títulos são emitidos em reais. Logo, se for necessário, o governo sempre pode imprimir mais dinheiro para pagar os credores. Mas esse recurso causa um efeito colateral: a alta da inflação pela emissão de moedas, que afeta o rendimento dos títulos não atrelados ao indicador, e a possibilidade de as taxas de juros não acompanharem a alta dos preços no mesmo ritmo.

Outro motivo para o baixo risco de moratória é o fato de os papeis representarem um volume muito baixo da dívida do estado. Conforme o Tesouro Nacional, até o fim de abril a soma era de R$ 2,799 trilhões, sendo R$ 2,670 trilhões (95,4%) relativos à interna e R$ 129 bilhões (4,6%) à externa, paga em moeda estrangeira. Deste total, apenas R$ 30,5 bilhões (1,04%) correspondem às emissões dos títulos do Tesouro.

“Nós temos grande controle sobre a nossa moeda e, no pior dos mundos, podemos refinanciar a dívida, porque sempre haverá um comprador interessado nela”, avalia o economista e analista de mercado da NeoValue, Alexandre Cabral.

Para ele, o único cenário possível de calote da dívida interna seria em caso de uma “recessão pesada” e extremamente prolongada, seguida pela perda total de confiança dos investidores. O coordenador do curso de economia da Fesp, Rodrigo Kremer, afirma que a Lei de Responsabilidade Fiscal, que veda a compra dos títulos pelo Banco Central -- a não ser para o refinanciamento -- também dá maior segurança aos ativos, o que afasta o risco de crédito.

Mercado

Por outro lado, o rendimento dos papeis está sujeito à gangorra dos juros e da inflação. Cabral aponta que os prefixados, que têm o retorno definido no momento da compra, podem ser mais afetados devido à pressão inflacionária e uma possível manutenção da Selic por um prazo maior que o esperado, o que pode ocorrer caso as taxas de juros dos EUA subam no segundo semestre, por exemplo.

Kremer acrescenta que os títulos de inflação, como os atrelados ao IPCA, também podem oferecer rendimentos menores se os valores forem sacados antes do prazo de vencimento. “Qualquer pequena alteração na taxa de juros impacta na remuneração. A variação é capitalizada no longo prazo, mas se a venda do título for feita antes haverá uma maior exposição aos riscos de mercado.”

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