Em um cenário de aumentos seguidos do dólar, que neste ano ultrapassou a marca histórica dos R$ 4, as opções de investimentos ligados ao câmbio passaram a chamar a atenção de quem procura diversificar suas aplicações. Conforme dados do Banco Central, de outubro de 2014 até o mesmo mês deste ano a alta das divisas foi de 57,8%.
Mais impressionante ainda foram os rendimentos alcançados pelos fundos cambiais que, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, chegaram a 51,21% no período de janeiro a setembro deste ano. Mas, por mais que estes números encham os olhos, analistas destacam os riscos deste tipo de investimento, que só aumentam diante das incertezas quanto às cotações futuras.
INFOGRÁFICO: Acompanhe a alta do dólar de outubro de 2014 ao mesmo mês deste ano
“A alta do dólar hoje é reflexo direto das situações econômica e política do país. Há muita insegurança no mercado”, afirma a coordenadora do curso de Economia da FAE, Solidia dos Santos. “Este é um investimento de muito risco porque não dá para prever em quanto o dólar estará no próximo ano. Caso o ajuste fiscal do governo ocorra, a moeda irá cair e quem apostou nos fundos vai perder dinheiro.”
O professor de análise de riscos do Isae/FGV, Sérgio Itamar, conta que ao pequeno investidor, com perfil mais conservador, a aplicação em câmbio é mais interessante quando há viagens marcada ou planos de morar nos Estados Unidos, por exemplo. Para ele, a forma mais eficiente de se resguardar destas variações é a compra direta nas casas de câmbio, que deve ser feita pouco a pouco, de preferência quando a cotação estiver favorável ao viajante.
Em paralelo à compra no balcão, os investidores também têm a opção de adquirir os fundos cambiais, que apresentam a vantagem de realizar saques fora do país. Mas, assim como grande parte dos investimentos, esta opção tem a incidência do Imposto de Renda regressivo, com alíquotas de 22,5% a 15%, dependendo por quanto tempo o dinheiro ficar aplicado.
A declaração deve ser feita tanto quando a pessoa estiver no Brasil quanto no país em que irá viver. E, além disso, o cliente precisa estar atento para as taxas de administração cobradas, que giram em torno dos 5%. A opção é isenta de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a remuneração tem como base a taxa de juros dos EUA, que está próxima de zero. Em média, o mínimo exigido para as aplicações é de US$ 100. “Os fundos cambiais são uma boa alternativa para quem irá fazer uma grande viagem ou estudará fora e irá precisar de um valor alto para se manter fora”, acrescenta Itamar.
Cartões pré-pagos ajudam no controle de gastos no exterior
Os fundos cambiais e a compra direta nas casas, porém, não são as únicas formas de se proteger das altas do dólar. Para economistas, a compra de cartões pré-pagos também é uma alternativa a ser considerada por quem irá viajar a turismo ou estudos.
O professor de análise de risco do Isae/FGV, Sérgio Itamar, aponta que os cartões levam os investidores a terem uma maior “previsão orçamentária” e não gastar mais do que têm. “Com os juros do cartão de crédito no Brasil perto dos 400% ao ano, uma compra de R$ 1.000 vai multiplicar os gastos, primeiro, no momento da conversão e, depois, ao pagar as taxas cobradas pelo banco”, lembra.
A coordenadora do curso de Economia da FAE, Solidia dos Santos, acrescenta ao rol de vantagens o fato de os pré-pagos poderem ser regularmente abastecidos pelos usuários. Os cartões no estilo travel money, no entanto, cobram IOF de 6,38% para carga e recarga e US$ 2,50 para saque em caixas eletrônicos.
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