• Carregando...
 | /Bigstock
| Foto: /Bigstock

Supõe-se que, quem trabalha com afinco e disciplina por algumas décadas e poupa para desfrutar a partir de uma certa idade, está no caminho certo. Porém, essa receita funcionava quando as pessoas se aposentavam pouco antes do fim de suas vidas. Hoje, jovens ainda pensam em trabalhar até os 65 anos, para então se aposentar. Ignoram que seus pais, alguns perto dessa idade, têm tanto ou mais saúde do que os próprios jovens, e não pensam em desfrutar da aposentadoria por apenas um punhadinho de anos.

A aposentadoria com que muitos sonham provavelmente não acontecerá, principalmente para os mais jovens. Isso vale tanto para quem poupa pouco, quanto para quem poupa mais do que deveria. A questão não se resume a uma preocupação matemática, do tipo “nosso patrimônio gerará renda suficiente?”. O grande problema da futura aposentadoria é que a maioria das pessoas não sabe o que esperar dela. Para muitos, aposentar será deixar de lado uma carreira e suas cobranças e estresses, deixar de trabalhar.

LEIA MAIS Colunas de Gustavo Cerbasi

Porém, como viver por 20, 30, às vezes 40 anos, sem fazer nada? Sem cultivar a construtiva ambição que nos mantêm inspirados, motivados e jovens? OK, você é do tipo que não se apega ao trabalho, prefere mais é viajar e curtir a vida? Se está fazendo as contas com base nas viagens que você faz hoje, já errou.

Pense em como serão suas viagens quando você tiver 60 anos. Será na mesma pousadinha de charme que o obriga a caminhar algumas centenas de metros no frio ou no sereno até o refeitório? Ou será em um hotel com mais conforto, por algumas centenas de reais a mais na diária? E quando você tiver 90 anos, como serão suas viagens? Com a pessoa amada em um carro popular, ou em uma excursão para idosos, com conforto, aparatos e profissionais preparados para atender a suas necessidades senis?

Perceba que, quanto mais você cuidar de sua vida, mais vai viver. Não apenas o gasto com saúde crescerá exponencialmente. Seus gastos com lazer também aumentarão nesse ritmo. E o que dizer de festinhas familiares? Coisa simples, divertida, pouco gasto? Mas, faça uma rápida conta de quantos parentes você tem hoje. Compare com quantos você pode ter aos 90 anos, incluindo netos, bisnetos, enteados, afilhados e os respectivos cônjuges e filhos. Quantas festinhas simples você terá por ano, entre aniversários, batizados e casamentos?

Quanto mais vivermos, mais gastaremos. Sugiro, portanto, não pensar em parar de trabalhar. Planeje sua independência financeira, visando formar reservas para não depender para sempre de um emprego, mas considere a possibilidade de complementar a renda dessa reserva com outros ganhos.

Talvez alguns milhões aplicados na renda fixa seriam necessários para manter o padrão de vida quer você espera. Mas, um negócio próprio, bem planejado e contando com sua experiência, suor e conhecimento, pode custar bem menos que um milhão e lhe proporcionar uma renda maior. Sendo próprio, você pode escolher o tipo de trabalho que mais o agrada, importante para que não se torne um fardo. É, empreender pode ser, em breve, a melhor tradução para o conceito de aposentadoria.

Gustavo Cerbasi (gustavocerbasi.com.br) é especialista em inteligência financeira.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]