A tradicional canção de ano novo renova, a cada réveillon, nossas boas intenções de aproveitar o momento da virada para também virar a mesa na vida financeira. Que tudo se realize / no ano que vai nascer / muito dinheiro no bolso / saúde para dar e vender. Inspiração melhor não há. Mas, contraditoriamente, ecoamos esse mantra nos primeiros segundos do ano para, em seguida, nos jogarmos na acomodação e no descanso merecido. Hipocrisia! Perdeu tempo prometendo... Sugiro que você faça diferente neste ano que começa, para que o descanso seja realmente merecido em 2018 – sim, lá no ano que começa daqui a doze meses. A virada traz oportunidade para agir, pois é quando a rotina está nos pressionando menos e quando nossos familiares e amigos estão mais abertos a entender nossa vontade de mudar. Vamos aos planos.
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2017 será um ano enxuto do ponto de vista do dinheiro. A crise continua, sem dúvida, pois o país não tem reservas para investir e crescer. Essa situação será agravada porque 2017 será o ano com maior número de feriados prolongados desde 2007. Serão 13 feriados no ano e, de todos eles, apenas um vai cair no domingo – o próximo Ano Novo. Isso é ruim para a economia como um todo, pois com menos dias trabalhados há menos renda. Mesmo com ganho menor, você terá que conviver com a pergunta “o que faremos no feriado?”.
Renda encolhida não permite exageros nos feriados. Recomendo que, desde já, você trace um plano para descansar e viajar em alguns feriados, mas também para reservar outros feriados para melhorar sua vida. Sim, deve-se aproveitar o maior número de feriadões para se reorganizar, para se reciclar, para estudar, para iniciar novas atividades e usar a criatividade para descansar. 2017 é um ano convidativo para o aprendizado, acima de tudo.
O ano também é convidativo para quem, consciente dos riscos que a economia frágil traz sobre o emprego, pensa em iniciar um negócio próprio ou uma segunda atividade paralela à carreira. Os feriados trazem aquele fôlego na agenda necessário para tocar uma nova rotina sem prejudicar demasiadamente a rotina original.
Nos investimentos, 2017 será um ano mais desafiador do que 2016. Até então, foi fácil perceber que a grande oportunidade estava na renda fixa, com os elevados ganhos propostos pela também elevada taxa Selic. Mas, a queda gradual nos juros tira a paz de investidores conservadores, pois o cenário de incertezas não permite investir na bolsa e em imóveis com segurança. Carteiras de investimento devem predominar na liquidez da renda fixa, com pequenas parcelas em renda variável visando o aprendizado e o risco controlado. Com menos dias trabalhados, governo paralisado e desconfiança do investidor externo, a economia teria que ser estimulada com uma queda maior nos juros, o que não está no radar. Por isso, não espero muito da bolsa em 2017.
Em 2017, ainda haverá muita gente precisando de dinheiro à vista. Mantenha-se com liquidez, garimpe bastante, tire da renda fixa para pagar à vista a escola de seus filhos, os impostos de janeiro, a troca do carro. Com disciplina, recomponha nos meses seguintes o valor sacado das reservas. Fique com muito dinheiro no bolso, pois comprar à vista e com desconto tende a ser um dos bons investimentos deste ano, mantendo a tradição dos últimos três anos de crise.