A educação financeira é um assunto evidentemente presente nos mais diversos veículos de mídia e imprensa. O tema é discutido com destaque há mais de uma década na imprensa – incluindo o espaço privilegiado aqui na Gazeta do Povo – e hoje está presente em blogs, revistas, redes sociais e programas de variedades na televisão. Não se pode dizer que é um assunto que falta à sociedade brasileira. Mesmo assim, as estatísticas mostram que o brasileiro se mantém em dificuldades crônicas com o dinheiro, com dois em cada três adultos ativos declarando ter dívidas que não foram planejadas.
LEIA MAIS Colunas de Gustavo Cerbasi
Apesar de contarmos com um debate da teoria, carecemos da prática dessa teoria. Contamos com educação financeira, mas ainda há uma distância até desenvolvermos a inteligência financeira, que nada mais é do que a capacidade de colocar em prática aquilo que sabemos que funciona bem para construirmos prosperidade. Aqui há um ponto a ser trabalhado: a maneira com que aprendemos os assuntos úteis para nossa vida.
Muitos se impressionam com a habilidade de um economista ao falar da conjuntura do país, ou então de um consultor financeiro ao debater sobre alternativas de investimento ou armadilhas do crédito. São pessoas que, ao ouvir ou ler sobre finanças ou economia, pensam como seria bom saber bastante sobre esses temas, para evitar perdas e saber multiplicar intensamente o dinheiro ganho.
Espero derrubar esse mito. Quero convencê-lo de que para comprar melhor, investir bem e evitar armadilhas não é preciso ter pós graduação em conhecimento técnico. Enriquecer é uma questão de atitude diante das escolhas que você faz em seu dia a dia. Por exemplo, não é preciso ser um advogado para desconfiar de um contrato e pedir para lê-lo com calma antes de fechar qualquer tipo de negócio. Com um pouquinho de humildade, qualquer cláusula cuja redação suscite dúvidas pode ser questionada junto ao vendedor, ou mesmo esclarecida com uma breve consulta à Internet.
Isso vale para compras financiadas, compras simples, contratação de produtos de investimento ou para qualquer outro produto financeiro, como planos de previdência, seguros, capitalização, abertura de conta corrente ou contratação de cartão de crédito, por exemplo. Quem tem o hábito de ler as regras e questioná-las antes de fechar qualquer tipo de negociação faz seu dinheiro render mais.
Seria interessante, também, que você conversasse mais sobre dinheiro com a família e com conhecidos. No começo, é estranho abordar um assunto que há até poucos anos era tabu. Mas, acompanhando vários grupos de pessoas constatei que, uma vez acendida a faísca, o fogo se alastra com facilidade. Em outras palavras, basta que você toque em assuntos como alternativas de crédito ou sugestões de investimento de seu gerente de conta, para que amigos e parentes passem a dividir com você não apenas as dúvidas, mas também as oportunidades que surgem no dia a dia. Não há insumo melhor para a prosperidade do que essa inteligência grupal que nasce simplesmente da atitude em provocar o assunto.
Faço o convite para que você repense sua atitude a cada situação em que tem que tomar uma decisão que envolva dinheiro. Não pense simplesmente em economizar. Esqueça a preocupação de poupar intensamente. Procure melhorar suas escolhas, e faça com que sejam coerentes, saudáveis e equilibradas. Se fizer isso, estará dando um grande passo em direção à prosperidade.
