Investidores profissionais estudam durante anos e anos incontáveis técnicas para tentar prever as altas e baixas dos mercados de investimentos, buscando comprar nas baixas e vender nas altas. O investidor leigo mas disciplinado, com objetivos de longo prazo, nem sempre consegue fazer isso, pois sua técnica mais comum é a regularidade. Investir um pouquinho todos os meses, com disciplina, seguindo um plano de longo prazo e recomendações de seu banco. Esta disciplina resulta em resultados médios: alguns meses são bons para investimentos, outros são ruins, e o resultado final é uma rentabilidade decorrente da média de ganhos.
Porém, não é essencial possuir amplos conhecimentos em economia, investimentos e negócios para acertar mais nas escolhas. Há formas “burras” de investir de forma inteligente, e talvez a ferramenta que exija menos conhecimento do investidor de longo prazo é a técnica do rebalanceamento. Uma técnica simples, cujas maiores demandas esperadas do investidor são a organização e a disciplina. O rebalanceamento consiste apenas em estipular uma composição bem definida para uma carteira de investimentos e seguir fielmente esta composição, com prazos definidos para calibragem.
Suponhamos que você decidiu investir de forma moderada, por exemplo com uma carteira de investimentos contendo 80% dos recursos em renda fixa e 20% em renda variável. Seguir fielmente esta composição significa alocar seus recursos, a cada rodada de investimentos, respeitando seu perfil. A cada R$ 1.000 aplicados, R$ 800 irão para a renda fixa e R$ 200 para a renda variável. Não é preciso raciocinar muito para perceber que, por mais fiel que você seja a esse perfil, dificilmente terá uma carteira com a composição exata a que se propôs, pois a rentabilidade da renda fixa será diferente da obtida na renda variável.
A fidelidade à carteira somente será mantida se for criada uma regra de prazo de redistribuição de recursos, como por exemplo “a cada 12 meses” ou “no meu último dia útil do ano”. Rebalancear significa chegar a uma data específica e reequilibrar a carteira, resgatando fundos de ações se a proporção favorecer a renda variável ou resgatar parte da renda fixa se houver excesso de peso na renda fixa.
Em um ano de queda nas ações, mesmo que o investidor moderado exemplificado aplique 20% dos recursos em fundos de renda variável, ao final do ano ele terá mais que 80% de seus recursos em renda fixa e menos de 20% em ações. A proposta do rebalanceamento é vender o excedente em renda fixa para comprar mais renda variável. Contrariamente, em um ano excepcional para a Bolsa, o cliente terá muito mais do que 20% de sua carteira em fundos de ações, devendo então vender de suas cotas neles e investir em renda fixa.
Por que sair da renda variável em um bom ano? Por que resgatar recursos da renda fixa quando as ações vão tão mal? O motivo para estas escolhas forçadas é único: vender na alta e comprar na baixa. Se, ao final de cada ano ruim, o investidor forçar-se a comprar ações e ao final de cada ano bom ele forçar-se a vender, inevitavelmente estará fazendo boas escolhas, em média. Isso vale mesmo que ocorram sucessivos anos bons para a Bolsa, pois neste caso o cliente estará evitando concentrar demais sua carteira em algo que pode sofrer uma forte queda diante de problemas econômicos.
Se mesmo diante da simplicidade da técnica do rebalanceamento você se sentir inseguro a agir, é porque o produto ideal para você provavelmente é aquele que já faz isso automaticamente, como acontece nos chamados fundos balanceados e nos planos de previdência privada compostos ou com carteira mista. Ao optar pela técnica, o mínimo resultado esperado é ganhar mais do que na renda fixa. Sem dúvida, compensa.