Depois de a poupança fechar 2015 com rendimento abaixo da inflação, as projeções de especialistas para 2016 não são nada positivas para a caderneta, tornando mais atraentes outras aplicações, principalmente as de renda fixa. Para o professor de economia na Escola de Negócios da PUCPR, Carlos Magno Bittencourt, o baixo rendimento da poupança faz com que ela seja um investimento pouco interessante. Com ganhos anuais de 6% acrescidos da chamada taxa referencial, a expectativa é que a caderneta tenha um desempenho semelhante ao visto no ano passado, ou seja, algo entre 7% e 8%.
No entanto, a previsão do mercado é de uma inflação de 7,26% para 2016 e com tendências para subir mais, o que pode fazer com que esse rendimento não se converta em aumento no poder de compra. “Na melhor das hipóteses, a pessoa pode sair no zero a zero, ou seja, sem qualquer ganho real”, explica Bittencourt.
Isso ajuda a explicar por que, em 2015, a poupança teve a maior retirada de recursos de sua história, com R$ 53,65 bilhões em saques, segundo o Banco Central. Para o coordenador do curso de Gestão Financeira da Faculdade Opet, Jefferson Fischer, esse é um fenômeno que vai além de um aumento nos gastos. “Na verdade, parte dessa retirada está sendo usada para investir em outros títulos muito mais rentáveis”, aponta.
Juros valorizam renda fixa
Mais uma vez, os títulos de renda fixa se destacam como as melhores apostas para 2016, principalmente após a decisão do Copom de manter a taxa básica de juros em 14,25%. “Para quem tem um perfil mais conservador, aplicações como CDB, LCA e LCI são ótimas opções por estarem atreladas ao CDI”, sugere Fischer. E, como os Certificados de Depósito Interbancário são calculados a partir da taxa Selic, esses títulos se tornam ainda mais atraentes. Somente em janeiro, o CDB teve uma rentabilidade de 1,05%.
Os juros também tornam interessantes os títulos do Tesouro Direto, com ênfase no Tesouro Selic. Como ele acompanha a variação da taxa homônima, seus rendimentos são bem mais expressivos. Papéis atrelados ao IPCA também são recomendados por compensar a perda com a inflação.
O único cuidado no Tesouro Direto fica com os títulos prefixados. Como eles envolvem apenas taxas definidas em contrato, nenhuma das vantagens citadas se aplica sobre o investimento. Como a tendência é que a inflação aumente um pouco mais nos próximos meses, o investidor pode deixar de se aproveitar disso.
Saques em janeiro superam depósitos em R$ 12 bilhões
A quantidade de recursos que os investidores retiraram da poupança em janeiro, já descontadas as aplicações, foi a maior para qualquer mês da série histórica do Banco Central iniciada em 1995. De acordo com a instituição, os saques superaram os depósitos em R$ 12,031 bilhões.
Para meses de janeiro, a pior marca havia sido registrada no ano passado, quando as retiradas ficaram R$ 5,528 bilhões maiores do que os investimentos. Já o saldo negativo mais forte de todos os tempos até então fora registrado em março de 2015, de R$ 11,438 bilhões.
O resultado de janeiro passado só não foi pior porque no último dia ingressaram R$ 3,417 bilhões na poupança. Até o dia 28, a conta estava negativa em R$ 15,449 bilhões. Isso ocorre com o sazonal aumento dos depósitos na caderneta no último dia útil por causa de aplicações automáticas da conta corrente que alguns investidores já deixam programadas para ocorrer.
A acentuada deterioração da caderneta se dá depois de uma recuperação em dezembro do ano passado, com a injeção de recursos do pagamento do 13º salário. O saldo positivo de R$ 4,789 bilhões no último mês de 2015 interrompeu uma série de 11 meses de resultados negativos. Janeiro é um mês marcado pela concentração de pagamento de impostos e de gastos extras com matrícula e material escolar.
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