A Klabin informou nesta semana que oferecerá R$ 700 milhões em títulos da dívida da empresa para os investidores. Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) serão emitidos a partir de 28 de março e darão uma remuneração de até 98% da taxa de Depósito Interbancário (DI). O retorno tem como base os juros básicos da economia, a Selic, e é isento de Imposto de Renda.
Segundo um cálculo do professor de Finanças da FAE Amilton Dalledone Filho, para que um Certificado de Depósito Bancário (CDB) – que possui o mesmo índice de referência e está sujeito à tabela do IR – se iguale aos investimentos, é preciso que ele entregue aproximadamente 115,5% da DI em um prazo superior a dois anos.
Cada ativo emitido pela fabricante de papel e celulose, que possui duas unidades no Paraná, custará R$ 1 mil e terá um vencimento de cinco anos. Logo, para embolsar os ganhos prometidos, o dinheiro terá de ficar parado durante todo esse período. No comunicado, a Klabin declarou que poderá ampliar a oferta em até R$ 950 milhões.
Exigências e riscos
Entretanto, contribuir para os planos de investimento da empresa – e embolsar com isso – não é para qualquer um. Para adquirir os CRAs é necessário ser um investidor qualificado e ter no mínimo R$ 1 milhão em ativos financeiros.
Além disso, os aplicadores têm de estar dispostos a aguardar a data de vencimento dos papeis e assumir alguns riscos. O principal deles é o de crédito, o que significa que se a empresa não puder honrar as suas dívidas, os poupadores ficarão na mão.
Os títulos não têm cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que devolve até R$ 250 mil por CPF em caso de quebra da instituição. O fundo está disponível para investidores da poupança, dos CDBs e das Letras de Crédito Imobiliárias e do Agronegócio (LCIs e LCAs).
Por sua vez, a agência de riscos Fitch deu nota máxima para a operação: AAA.
O que são os CRAs
Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio são semelhantes às debêntures e servem como uma forma de captação de recursos pelas empresas com pessoas físicas para viabilizar planos de compras de insumos, novas instalações e aumento da capacidade produtiva, por exemplo.
No ano passado, o mercado financeiro recebeu uma leva de CRAs, como o lançamento dos papeis do Grupo Pão de Açúcar, que totalizaram R$ 750 milhões e entregaram 97,5% da DI, com carência de três anos.
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