Contratar empréstimos, solicitar um cartão de crédito ou fazer um financiamento. Serviços típicos das instituições bancárias “tradicionais” começam a migrar no Brasil para novas plataformas on-line, que aproveitam a familiaridade dos usuários com a internet para driblar as necessidades de ir a uma agência física e até mesmo de possuir uma conta-corrente. A tendência ainda é recente no país, mas já tem representantes de peso.
Entre eles está o Nubank, startup que começou a operar por aqui em abril do ano passado e oferece um cartão de crédito MasterCard sem tarifas nem anuidade, além de taxas de juros reduzidas, que vão de 2,75% a 7,75% ao mês no rotativo – bancos como o HSBC, Bradesco e Itaú, por exemplo, oferecem taxas mensais de 15,54%, 15,95% e 18,04%, respectivamente, segundo o último levantamento do Banco Central.
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Todo o processo de cadastramento é feito por um aplicativo, onde os clientes ativam as contas, desbloqueiam os cartões e podem ajustar os limites. Até o momento, a empresa já contabiliza mais de 1 milhão de pedidos de cartões e uma fila de espera que chega a 300 mil pessoas.
Segundo o Nubank, a viabilidade do negócio surge justamente do fato da empresa não precisar contar com agências físicas e ter poucos gastos operacionais – além de lucrar eventualmente com o uso do rotativo, a startup recebe dos estabelecimentos um porcentual do valor transacionado pelo cartão.
O potencial do serviço chamou a atenção de investidores internacionais, que já colocaram US$ 97 milhões no Nubank em quatro rodadas de investimento.
Intermediação
Outra empresa brasileira que recebeu ano passado um aporte externo – na faixa de R$ 10 milhões – foi a BankFacil, plataforma digital que faz a intermediação entre bancos e usuários em busca de empréstimos e financiamentos.
O cliente contata a BankFacil pela internet e apresenta sua demanda; o site, então, vasculha várias instituições financeiras para buscar as melhores condições, de acordo com cada ocasião. Segundo a empresa, o cliente consegue economizar até 70% no valor da prestação.
“Até por conta de toda essa crise, os bancos estão restringindo bastante o crédito. O que queremos é ajudar nossos clientes em todo esse processo para conseguir dinheiro ao menor custo possível, de uma forma fácil e rápida”, afirma o fundador e CEO da BankFacil, Sergio Furio.
Desde sua criação, no início de 2012, a plataforma já emprestou mais de R$ 100 milhões a usuários pela internet – todo o processo de pesquisa e análise é gratuito, com a empresa sendo remunerada pela instituição financeira assim que um contrato é fechado.
Empresa americana chega ao Brasil focando em pequenos empréstimos
O potencial do mercado de serviços financeiros pela internet chamou a atenção da empresa norte-americana Enova, que chegou no fim de 2014 ao Brasil com sua solução de crédito 100% on-line, chamada por aqui de Simplic, voltada principalmente para clientes da classe C. A empresa, que atua no país em parceria com o grupo financeiro Sorocred, oferece valores que vão de R$ 500 a R$ 2,5 mil, com opção de pagamento entre três e 12 vezes.
Um dos principais diferenciais da Enova é atender usuários que tenham pendências em serviços de proteção ao crédito – a análise para o empréstimo leva em conta dados “não convencionais”, incluindo o próprio comportamento do cliente no site ao efetuar o pedido.Apesar do cadastro, análise e aprovação de crédito serem automatizados, as condições taxas de juros são específicas para a situação de cada usuário.
“A tecnologia nos ajuda a obter mais dados sobre essa pessoa e fazer a transação com mais segurança. Assim, conseguimos ter muito mais variáveis para tomar uma decisão de risco e ser assertivos na taxa que oferecemos para o cliente. Hoje, no Brasil só há um perfil de cliente (para os bancos tradicionais), todo mundo paga a mesma taxa do cheque especial, do cartão, só o que muda é o valor do limite e o prazo”, destaca o diretor-executivo da Enova no Brasil, Rafael Pereira.
Para Pereira, se consolida hoje no Brasil uma “mudança cultural” na forma como os brasileiros interagem com seus bancos. “Essa relação mudou. Há pessoas mais jovens que nunca foram na agência de um banco. Há toda uma geração que quer contratar o serviço pelo celular e está ávida por produtos e serviços customizados para ela”, destaca.