Se 2016 foi um ano difícil, 2017 deverá ser um pouco melhor para a economia, o que exigirá cautela dos investidores. A expectativa de queda dos juros e da inflação será positiva para o setor produtivo, mas o desemprego continuará em alta e a crise política terá novos desdobramentos, afetando as decisões financeiras. Diante desse cenário, a tendência é que se abram janelas de ganhos para títulos de renda fixa com taxas prefixadas ou atreladas à inflação; para títulos privados que ofereçam rendimentos acima da DI – taxa que tem como base a Selic –; e para os fundos imobiliários.
Para o analista da Rico corretora Roberto Indech, a votação para a presidência da Câmara e do Senado, a aprovação das medidas de ajuste fiscal e a Operação Lava Jato devem influenciar os principais indicadores da economia brasileira no ano que vem. Já fora do país, o risco de a Itália sair da União Europeia e as incertezas acerca das primeiras medidas de Donald Trump no comando dos EUA terão efeitos sobre o câmbio e, consequentemente, sobre a inflação e a renda variável.
Inflação perto da meta e PIB fraco
De acordo com o último relatório Focus, a perspectiva do mercado é que o IPCA, índice base para a inflação, fechará 2017 em 4,85%, muito próximo da meta de 4,5%. A Selic, por sua vez, terminará o período em 10,5%, com média de 11,53% no ano, enquanto o PIB deverá ter resultados abaixo de 1%.
Na opinião do consultor financeiro e sócio da Inva Capital, Raphael Cordeiro, embora a alta do petróleo e da taxa de juros dos EUA possam pressionar os preços no país, a tendência é que o impacto seja suavizado pelas reservas de moeda estrangeira e pela balança comercial positiva do Brasil.
Para o consultor, o mercado acionário permanecerá incerto, porque a queda dos juros e do Risco Brasil beneficiam o setor produtivo, mas o baixo crescimento terá um efeito direto sobre os ganhos dos papéis. “Hoje, as ações não estão nem caras e nem baratas, já que, na nossa avaliação, o preço justo [do Ibovespa] é de 56 mil a 64 mil pontos”, acrescenta. Nesta semana, o índice ficou em torno de 59 mil pontos.
Renda fixa
Para o sócio-diretor da Easynvest, Márcio Cardoso, mesmo com a queda da Selic, os títulos do Tesouro Direto devem permanecer atrativos para os investidores. Entre os ativos, destacam-se os prefixados, que pagam juros de cerca de 11% a 11,5%, conforme o vencimento; e os atrelados ao IPCA, que cobrem a variação de preços e entregam “prêmios” de 5,7% a 5,9%.
Os investidores que acreditarem numa queda mais acentuada da Selic e da inflação nos próximos anos têm a opção de apostar na aquisição de títulos com prazos longos e vendê-los antes do vencimento, ou então procurar Certificados de Depósito Bancário (CDBs) de bancos menores com ganhos superiores à DI, com vencimento a partir de um ano.