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Saque do FGTS deve ser usado para pagar dívidas. Liberação dos recursos começa no dia 10 de março. | Marcelo Elias /Arquivo/Marcelo Elias / Gazeta do Povo
Saque do FGTS deve ser usado para pagar dívidas. Liberação dos recursos começa no dia 10 de março.| Foto: Marcelo Elias /Arquivo/Marcelo Elias / Gazeta do Povo

O melhor investimento para quem tem recursos a sacar de contas inativas do FGTS depende do montante e de sua situação financeira, indicam especialistas. A prioridade, orientam, é quitar dívidas, para evitar pagamento de juros e multas. No caso de quem está com as contas em dia, a recomendação é levar o dinheiro para uma aplicação mais rentável que o FGTS, como um fundo de renda fixa. E quem pensava em montar um negócio próprio, o dinheiro vai representar um reforço de capital de giro.

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Myrian Lund, planejadora financeira e professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), ressalta que, antes de quitar uma dívida, é preciso negociar com o credor, em busca da redução de juros e abatimentos. “Se você vai parcelar, negocie com o banco reduzir os juros. Se vai liquidar de uma só vez, peça uma redução do valor total da dívida. E aplique assim que tirar o dinheiro da Caixa, em fundos de renda fixa, com a menor taxa de administração que encontrar, em títulos do Tesouro corrigidos pela Selic, em CDBs de bancos ou RDCs de cooperativas. São produtos que dão liquidez diária, então você terá rendimento até pagar a dívida.”

Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor de pesquisas econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), recomenda dar prioridade para quitar as dívidas mais caras, como cartão de crédito (juros médios de 484,6% ao ano, segundo o Banco Central) e cheque especial (328,6% ao ano).

“Se a pessoa está com o nome na lista de inadimplentes dos serviços de proteção ao crédito, é uma boa oportunidade de negociar e limpar o nome”, diz Oliveira.

Ricardo Humberto Rocha, professor de Finanças do Insper, pondera que se a pessoa, além de endividada, está desempregada, pode haver necessidades mais imediatas, como pagar uma conta no supermercado ou comprar o material escolar do filho. Para Myrian, contas prioritárias são as que podem trazer riscos de perder bens, como imóveis — caso de condomínio e IPTU.

Para quem não tem dívidas, indicação é aplicar o dinheiro do FGTS na renda fixa

Para quem não tem dívidas, os especialistas lembram que qualquer aplicação, até mesmo a poupança, rende mais que o FGTS (3% ao ano, mais TR). A renda fixa é mais recomendada para quem quer preservar os recursos, diz Pedro Raffy Vartanian, professor de economia e pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica. Ele cita ainda CDBs que ofereçam pelo menos 95% do CDI (certificado de depósito interbancário, taxa usada para empréstimo entre os bancos), com prazo mínimo de dois anos.

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Myrian não recomenda levar os recursos para investimentos de risco, como ações. “A Bolsa já subiu o que tinha de subir. O dinheiro das contas do FGTS tem de ser visto como uma grande chance de dar virada em sua vida.”

Quem já aplica em ações pode direcionar 10% dos recursos sacados para a Bolsa. Mesmo assim, apenas com foco no longo prazo. Para quem tem mais de R$ 5 mil a sacar, a recomendação é procurar fundos de investimento em bancos, buscando sempre a combinação da maior rentabilidade com a menor taxa de administração — acima de 2,5% ao ano, diz Oliveira, a rentabilidade já fica comprometida. Outras opções seriam o CDB ou o Tesouro Direto.

Se os recursos passarem de R$ 100 mil, a melhor opção é um fundo de renda fixa com taxas de administração entre 0,3% e 1% ao ano. Títulos de renda fixa prefixados — em que a taxa de juro é definida no momento da aplicação — são uma opção interessante, explica Oliveira.

Quem precisa formar uma reserva de emergência deve privilegiar aplicações com liquidez, como fundos de renda fixa, diz Rocha, do Insper. Mas quem já tem essa reserva pode usar os recursos do FGTS para montar uma previdência complementar, aplicando em títulos do Tesouro Direto, como uma NTN-B atrelada ao IPCA, de longo prazo.

É preciso cautela se for usar o dinheiro do FGTS para montar um negócio

Mas o sonho de empreender, na opinião de Oliveira, deve ser adiado, devido à recessão. A não ser que a pessoa tenha se planejado nos últimos seis meses, avaliando o mercado em que pretende atuar.

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Já Rocha ressalta que, no caso de quem tem uma retaguarda financeira e um projeto sólido, os recursos do FGTS podem ajudar a tornar o sonho realidade. O dinheiro pode complementar a entrada de um pequeno negócio ou reforçar o capital de giro de quem compra mercadorias para revender. Vartanian cita, ainda, a possibilidade de apostar em uma microfranquia. Algumas têm investimento mínimo a partir de R$ 2 mil.

No caso de quem aplicou em papéis de Vale e Petrobras, a recomendação é sacar o dinheiro desses fundos e buscar aplicações mais diversificadas. “Essas ações estão entre as mais voláteis da Bolsa”, ressalta Virgínia Prestes, mestre em finanças e professora do MBA da Faap.

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