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Tarifas

Valor do pacote bancário sobe mais que a inflação

Santander aplicou um dos menores reajustes e o Bradesco, o maior. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Santander aplicou um dos menores reajustes e o Bradesco, o maior. (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

Os balanços do primeiro semestre divulgados pelos maiores bancos do país mostram com mais nitidez o que os clientes já estão sentindo no bolso há algum tempo: o preço das tarifas e serviços cobrados por essas instituições tem subido muito além da inflação, ajudando a inflar os ganhos do setor financeiro. Em alguns casos, esses aumentos superam os 100%. É o caso da Cesta Exclusiva Fácil, do Bradesco, cujo valor passou de R$ 27,40 em março do ano passado para R$ 48 em fevereiro deste ano e agora custa R$ 61,90 – o que dá uma alta de 125,9%. No período, a inflação medida pela IPCA foi de 13%.

No BB, o pacote Modalidade 50 foi de R$ 31,50, em 2013, para R$ 49,15 em fevereiro passado e, atualmente, o banco cobra pelos mesmos serviços R$ 54,95 - alta de 74,44%. Já o MaxiConta Itaú Eletrônica, que custava R$ 11,10, passou respectivamente para R$ 13,90 e R$ 16,50, o correspondente a uma alta de 48,64%.

A compilação dos preços nos sites dos bancos considerou os mesmos pacotes de serviços incluídos numa pesquisa do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), que comparou valores cobrados entre março de 2014 e fevereiro de 2015. Atualmente, alguns destes pacotes não estão mais abertos a novas contratações, segundo os bancos, mas continuam disponíveis aos clientes que tinham aderido no passado. Além de operações básicas como saques, extratos e transferências entre contas, nestes pacotes “livres” estão incluídos outros serviços como envio de DOC ou TED, alerta por SMS e folhas de cheque.

“No momento em que perdem escala com crédito, os bancos recompõem uma das vertentes de ganhos carregando nas tarifas. Mudam os nomes dos pacotes periodicamente para confundir o cliente e cobrar mais”, diz Carlos Thadeu de Oliveira, gerente técnico do Idec.

Um levantamento do Idec com 246 internautas mostrou que 46% não sabem qual é seu pacote de serviços nem quanto pagam. Oliveira lembra que existe um pacote de serviços essenciais, gratuito, por determinação do Banco Central (BC), e que atende às necessidades da maioria, oferecendo saques, cheques e extratos. Há também os padronizados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que incluem itens como transferências e mais folhas de cheque. São mais em conta que os pacotes “livres”, com preços entre R$ 9,50 e R$ 10,50. Mas os bancos divulgam pouco essa cesta, o que leva menos gente a usá-las, diz o Idec.

Receitas

A pesquisa do Idec mostrou que os reajustes foram mais frequentes nos pacotes de custo intermediário, os mais usados pelos clientes, segundo a instituição. Segundo cálculos da Austin Rating, as receitas totais com serviços de Itaú, Bradesco e Santander avançaram 11,7% no período, somando R$ 32,4 bilhões, contra R$ 29,0 bilhões de janeiro a junho de 2014.

No Bradesco, as receitas com prestação de serviços, onde se incluem as tarifas, somaram R$ 11,8 bilhões no primeiro semestre, alta de R$ 1,251 bilhão em relação ao mesmo período de 2014 (crescimento de 13,4%). Já o ganho do Itaú nesse item foi de R$ 14,9 bilhões nos primeiros seis meses do ano, avanço de 12,2%. No Santander, o avanço foi de 7,9% no semestre, totalizando R$ 5,7 bilhões. Os ganhos com serviços representaram, na média, 15% da receita dos bancos.

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