| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O mercado paralelo de milhas se profissionalizou e migrou dos agentes informais, que intermediavam a compra dos pontos e a venda de passagens a quem precisava, para empresas especializadas. Sites como o MaxMilhas e o HotMilhas profissionalizaram a prática de compra e venda dos pontos e contribuíram para que consumidores com milhas em excesso lucrassem com isso.

CARREGANDO :)

Programas de fidelidade alertam para riscos de fraude

Embora não seja ilegal, o comércio paralelo de milhas não possui uma regulamentação, o que o coloca em uma espécie de vácuo jurídico. Em nota, a Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização não entra na polêmica, mas declara que “não recomenda” aos usuários.

De acordo com a associação, os pontos gerados são “fruto de um relacionamento entre empresa e consumidor” e que a prática de intermediação é “uma das principais fontes de fraude” do setor, como o roubo de milhas.

Segundo o executivo do site MaxMilhas, Max Oliveira, para evitar esse tipo de problema, a empresa adota algumas medidas, como a transferência dos valores da venda apenas para o CPF e conta corrente dos usuários cadastrados na plataforma.

Apenas no segundo trimestre deste ano, o número de pontos em cinco programas de fidelidade do país gerou o equivalente a 39,7 bilhões de milhas, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização. Mas, deste total, 6,6 bilhões (16,6%) não foram resgatados. Como alternativa para não deixar expirar os pontos, os clientes podem vendê-los em pacotes de mil milhas por valores que vão de R$ 22 a R$ 36.

Publicidade

No MaxMilhas, por exemplo, a venda de 6 mil pontos por meio de um dos programas de fidelidade cadastrados rende ao vendedor cerca de R$ 156. Para comparação, essa quantidade de milhas pode ser usada para a aquisição de uma passagem de Curitiba a São Paulo com duas semanas de antecedência, cujo valor ultrapassa facilmente os R$ 400, sem contar a taxa de embarque.

Cada intermediadora possui um modelo de negócios distinto. Na HotMilhas, o próprio site adquire os pontos dos usuários, que são usados para a emissão de passagens em nome dos compradores. O dinheiro é transferido antes de os bilhetes serem gerados, mas é necessário que o vendedor repasse os dados de acesso dos programas de fidelidade para que a página realize o serviço. Para comercializá-las é necessário ter no mínimo 10 mil pontos.

Já no MaxMilhas, o sócio-fundador Max Oliveira conta que a diferença é que o site faz a intermediação entre compradores e vendedores. Nele, quem tem milhas sobrando procura pelas ofertas de compra dos usuários e repassa os pontos pelo valor acordado entre as partes. Feito isso, a página emite os bilhetes aéreos.

Assim como o HotMilhas, é preciso que o vendedor informe os dados do programa de fidelidade. O dinheiro é depositado 20 dias depois e a quantidade mínima é de 6 mil pontos. Em média, o serviço emite 10 mil passagens por mês. Até o fim de 2016, a estimativa é que movimente R$ 100 milhões em bilhetes.

Publicidade

“A alta do dólar fez com que as pessoas recebessem menos milhas, mas, como os pontos podem ser usados em até dois anos, muitas pessoas aproveitaram o momento de crise para vender os seus pontos”, diz Oliveira. Em média, cada dólar gasto no cartão de crédito é convertido em uma milha. Segundo o executivo, a emissão por meio da compra costuma sair mais barata para viagens de curta distância adquiridas com duas semanas de antecedência ou para voos internacionais a destinos da América do Sul.

80%

Segundo o site MaxMilhas, esta é a economia que alguns usuários podem ter ao comprar bilhetes aéreos por meio da plataforma, que funciona como um mercado para a compra e venda de pontos pela internet. Já o vendedor pode receber até 50% a mais pelas milhas que o valor de mercado.