Recursos
Banco vai diversificar captações
A Caixa Econômica Federal está se preparando para contornar o esgotamento dos recursos da poupança como fonte de financiamento do mercado imobiliário, problema que deve atingir o setor dentro de dois anos. O banco, que lidera o mercado, dispõe de R$ 20 bilhões para investir em securitizações, segundo Hermínio Basso, superintendente regional da Caixa. A securitização consiste em transformar as próprias carteiras imobiliárias em títulos que serão vendidos no mercado como forma de refinanciamento. Até o fim do ano, a Caixa pretende fazer uma emissão de R$ 500 milhões em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) para testar a demanda. "Há várias alternativas. Além da securitização, há o próprio retorno dos empréstimos e a possibilidade de se diminuir o compulsório das operações", diz.
A capacidade da poupança em financiar o setor está se esgotando porque o ritmo de empréstimos para a compra da casa própria, que cresce a uma taxa de 50% ao ano, é muito superior ao dos depósitos, que avança 20% anualmente. Para contornar a escassez de recursos futura, o governo também vem estudando flexibilizar o compulsório da caderneta de poupança. A proposta defendida pelo mercado e em estudo no Ministério da Fazenda permitiria uma liberação gradativa no porcentual de 10% que os bancos captam pela caderneta e são obrigados a depositar no Banco Central (BC). O banco que já tivesse um nível alto de aplicação de recursos da poupança no mercado imobiliário poderia, pela proposta, passar a utilizar também o compulsório. (CR)
O aumento do crédito disponível, a redução das taxas de juros e o crescimento do emprego estão fazendo o financiamento habitacional bater recorde no país. A Caixa Econômica totalizou R$ 47,69 bilhões em empréstimos do início do ano até 3 de setembro, 87,6% mais do que no mesmo período do ano passado, de acordo com balanço divulgado ontem. O montante supera todo o volume emprestado em 2009, de R$ 47,05 bilhões. O forte ritmo de contratações já fez o banco refazer suas estimativas para o resultado do ano duas vezes. A previsão inicial era alcançar R$ 55 bilhões, volume que passou para R$ 60 bilhões e agora deve chegar a R$ 70 bilhões, quase 50% mais do que em 2009. Até setembro foram contratadas 778.717 unidades, contra 896.908 unidades em todo o ano passado.
No Paraná, os financiamentos somaram R$ 3,1 bilhões (42.277 unidades) até setembro e, se mantido o atual ritmo, esse montante deve superar R$ 4,2 bilhões, 30% mais do que no ano passado, segundo o superintendente regional em Curitiba, Hermínio Basso. Na capital o crescimento deve chegar a 40%, para R$ 2 bilhões em financiamentos. "Os números são impressionantes. A cada 18 dias fazemos todo o volume contratado em 2003", diz.
Minha Casa Minha Vida
Boa parte do resultado veio do programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida, responsável por mais da metade (R$ 1,6 bilhão) dos financiamentos no estado até setembro. De acordo com ele, o Paraná deve antecipar o cumprimento da meta do programa, de dezembro para outubro. Lançado em abril do ano passado com o propósito de reduzir em 14% o déficit habitacional nacional (o equivalente a 1 milhão de moradias), o Minha Casa Minha Vida prevê a contratação de 44.172 unidades no estado, das quais 12.020 em Curitiba. Para Basso, o mercado imobiliário deve continuar aquecido nos próximos anos, com grandes chances de o crédito imobiliário alcançar entre 7% e 8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. Hoje essa participação é de cerca de 5%.
Apesar do recorde, a Caixa perdeu participação nos financiamentos com recursos da poupança e do FGTS em relação ao ano passado. Em unidades, a presença do banco foi reduzida de 75% para 73% do mercado e, em valor, de 71% para 70%. "Em 2009, alguns bancos privados enxugaram o crédito por conta da crise e nós ganhamos mercado. Em 2010, esses bancos voltaram a emprestar, o que aumenta a concorrência", acrescenta.
Segundo a Caixa, 21% das pessoas que estão contratando financiamentos têm até 30 anos, mas o grosso da carteira (50%) está concentrado entre compradores de 31 a 45 anos. É o caso do representante comercial Marcio Rogio Matos, 41 anos, que resolveu trocar o apartamento de dois quartos por um maior, de três quartos. O apartamento antigo foi vendido para dar a entrada no novo apartamento, avaliado em R$ 160 mil e financiado em 20 anos. "A oportunidade surgiu e decidimos aproveitá-la", afirma.
Apesar do recorde de financiamentos, a inadimplência está baixa, em 1,5% da carteira e bem distante da registrada na década de 90, quando chegou a beirar os 20%.
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