A concentração do fluxo de ônibus e carros no portão principal da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na manhã desta quinta-feira, 5, provocou congestionamento na Rodovia do Xisto. De acordo com sindicalistas, a empresa promoveu uma fiscalização em todos os veículos. “Foi uma manobra para confundir a Justiça local, que concedeu interdito probitório e determinou multa ao sindicato de R$ 100 mil por portão bloqueado. Não fizemos nenhum bloqueio. O congestionamento foi provocado pela própria empresa”, diz o presidente do Sindipetro PR e SC, Mario Dal Zot.
Segundo o dirigente, a adesão dos funcionários diretos é maciça, em torno de 90%. Somente os terceirizados, cerca de 2 mil pessoas, permanecem trabalhando normalmente na empresa. Na avaliação do sindicalista, a situação fica cada dia mais insegura por causa das jornadas intensas da equipe de contingência, responsável pela manutenção da operação da refinaria desde domingo. “São mais pessoas expostas ao risco. Esses funcionários estão esgotados e isso vai se refletir na produção e na segurança de todos”, observa.
A Petrobras nega que tenha promovido fiscalização fora da rotina na manhã desta quinta-feira, 5, no acesso à Repar pela Rodovia do Xisto. Em nota, afirma que o congestionamento “se deu em razão do exercício do direito de greve pelo movimento â deflagrado pelo Sindipetro PR e SC em conjunto com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que paralisaram os ônibus da companhia e veículos privados que desejavam ingressar na área da unidade, com o objetivo de incentivar a participação dos empregados no movimento”.
A companhia reitera ainda que respeita o direito de greve, reconhecido por lei, e que está aberta à negociação, nos termos dos convites encaminhados às entidades sindicais ao longo das últimas semanas.
Balanço
Em nota distribuída na noite desta quarta (4), a Petrobras informou que a perda de produção na terça e quarta chegou a 318 mil barris devido a greve dos petroleiros. Somando os três dias, a perda de receita é de cerca de US$ 23 milhões, considerando o preço médio de exportação do petróleo brasileiro em setembro (US$ 38,7 por barril).
Nesta quarta, chegou a 48 o número de plataformas da Bacia de Campos com trabalhadores em greve, segundo balanço do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF).
A agência de classificação de risco Standard & Poors afirmou que a prolongação da greve dos petroleiros pode impactar a nota de crédito da Petrobras, que foi rebaixada em setembro deste ano para grau especulativo.
A avaliação na companhia é que o confronto é de difícil solução, uma vez que a pauta de reivindicações é contra as medidas adotadas nos últimos meses para enfrentar a crise.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) pede a readmissão de empregados que aderiram ao último plano de desligamento voluntário, a suspensão da venda de ativos e a retomada dos investimentos aos níveis de 2008 a 2013, antes da crise.
A FUP concentra 13 sindicatos de trabalhadores da estatal e se recusa a discutir reajuste salarial. A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) apoia a pauta política, mas já indicou que quer um reajuste de 18% -a Petrobras ofereceu 8,11%.
Em nota, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou que não houve impacto ao abastecimento de combustíveis no país até o momento.