A agência de avaliação de risco Fitch Ratings anunciou ontem que rebaixou a nota atribuída à Espanha, país que enfrenta uma severa crise bancária. O chamado "rating" soberano, que classifica a capacidade do país em saldar seus compromissos financeiros, passou de "AA-" (próximo ao topo da escala) para "BBB", a mesma nota atribuída ao Brasil.
Com essa nota, a Espanha continua enquadrada na categoria "grau de investimento" (de menor risco de inadimplência), mas a distancia de seus pares mais robustos como Alemanha e França países como a nota máxima "AAA".
Na prática, a Fitch somente sanciona uma visão corrente do mercado financeiro: a Espanha se tornou um lugar mais arriscado para aplicar dinheiro, e por isso, grandes investidores vêm exigindo juros mais altos para adquirir títulos de renda fixa emitidos por Madri.
Ontem o Tesouro espanhol conseguiu levantar cerca de 2 bilhões de euros (US$ 2,5 bilhões) junto ao mercado, mas a custos mais altos. Para conseguir que os investidores aceitassem um título com prazo (vencimento) de dez anos, Madri teve que se comprometer a remunerar o papel com juros de 6,41% ao ano, o mais alto já registrado nas ofertas deste ano.
Resgate
A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, reiterou ontem que não recebeu nenhum pedido de ajuda da Espanha para recapitalizar os bancos do país. "Não há nenhum pedido das autoridades espanholas a esta altura para ajuda financeira. Assim, não existe um plano de resgate", comentou Amadeu Altafaj Tardio, porta-voz do comissário de Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn.
Políticos e investidores ao redor da Europa temem que a Espanha possa não encontrar o dinheiro necessário para cobrir os empréstimos imobiliários tóxicos que estão levando os bancos espanhóis para baixo. A expectativa agora é que o governo espanhol busque um pacote internacional de socorro para o seu sistema financeiro.
A Fitch estima que a Espanha poderá precisar de 100 bilhões de euros para reforçar e garantir seu sistema bancário. A estimativa anterior da agência era de que essa soma seria de 30 bilhões bilhões. No começo desta semana, o ministro de Finanças, Cristóbal Montoro, alertou que o país estava ficando rapidamente sem recursos para financiar sua dívida e que "a porta dos mercados não está aberta para a Espanha".
O secretário do Tesouro do Reino Unido, George Osborne, afirmou ontem que o sistema bancário da Espanha precisa de uma injeção de capital para se recapitalizar sem piorar a situação da dívida soberana do país. "É preciso resolver imediatamente a situação do sistema bancário espanhol e resolver a incerteza lá", disse Osborne em uma entrevista à rádio BBC, quando questionado como a zona do euro poderia combater a atual crise.