Após ter registrado um saldo negativo de US$ 4,694 bilhões em junho, o fluxo cambial voltou a ficar negativo em julho, em US$ 3,935 bilhões, informou o Banco Central, nesta quarta-feira (5). Foi o terceiro mês consecutivo em que o resultado está no vermelho. Em julho de 2014, o saldo estava no vermelho em US$ 1,791 bilhão.
O fluxo cambial chama atenção porque o saldo segue negativo apesar de o Comitê de Política Monetária (Copom) continuar adotando um ciclo de alta de juros, o que, teoricamente, é um atrativo a mais para o especulador internacional que busca operações financeiras brasileiras com vistas a um ganho maior do que em outras partes do mundo. A Selic está atualmente em 14,25% ao ano.
A saída de dólares por esse canal financeiro foi de US$ 8,376 bilhões em julho, resultado de ingressos no valor de US$ 36,258 bilhões e de envios no total de US$ 44,634 bilhões. Ao longo de todo o ano passado, a área financeira foi a principal porta de saída de recursos do país, somando US$ 13,4 bilhões. Este segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.
Comércio exterior
Já no comércio exterior o saldo ficou positivo em US$ 4,441 bilhões no mês passado, com importações de US$ 13,248 bilhões e exportações de US$ 17,689 bilhões. Nas exportações, estão incluídos US$ 3,134 bilhões em Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 4,481 bilhões em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 10,074 bilhões em outras entradas.
A semana de 27 a 31 de julho registrou envios de recursos acima dos ingressos, segundo os dados do fluxo cambial divulgados pelo Banco Central. O valor ficou negativo em US$ 1,598 bilhão, com destaque para o dia 29, que teve uma saída líquida de US$ 1,604 bilhão. Coincidentemente, foi o dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros para 14,25% ao ano, o que, na teoria, seria um incentivo a mais para a entrada de dólares no país, em especial pelo setor financeiro.
O segmento financeiro, porém, que reúne operações como investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras, teve remessas líquidas de US$ 2,857 bilhões na semana. O resultado é a diferença entre entradas de US$ 9,655 bilhões e de envios de US$ 12,513 bilhões.
No mesmo período, no comércio exterior, o saldo ficou positivo em US$ 1,260 bilhão, com importações de US$ 3,011 bilhões e exportações de US$ 4,271 bilhões. Nas exportações, estão incluídos US$ 672 milhões em Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 1,146 bilhão em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 2,453 bilhões em outras operações.
Bancos
Os bancos mantiveram a posição vendida em câmbio no mês de julho pelo 24º mês consecutivo, ou seja, há dois anos. A quantia nessa posição no mês passado foi de US$ 21,689 bilhões, a maior desde março, quando estava em US$ 23,830 bilhões. Em abril, por causa do forte fluxo positivo, o volume da posição vendida dos bancos foi reduzido drasticamente, para US$ 10,528 bilhões – desde dezembro do ano passado, essa posição estava na casa dos US$ 20 bilhões. Em maio, a posição ficou em US$ 12,846 bilhões.
Em dezembro de 2014 foi registrado o maior volume da série histórica, iniciada em janeiro de 1994 nessa posição, de US$ 28,261 bilhões. Em janeiro, a posição vendida dos bancos foi de US$ 24,424 bilhões e, em fevereiro, de US$ 25,868 bilhões, a maior do ano.
No jargão financeiro, estar “comprado” significa, na maioria das vezes, que o mercado fez hedge de passivo cambial. A posição também pode estar atrelada à expectativa de que a cotação do dólar vai subir porque, ao ter a moeda em caixa, é possível lucrar com uma eventual alta das cotações.
Já “estar vendido” representa previsão de queda da cotação da moeda ou que se acredita que os juros internos serão mais elevados do que a valorização do dólar em determinado período. Para se ter uma referência, a taxa básica Selic está atualmente em 14,25% ao ano.