O rápido crescimento do crédito em alguns países da América Latina deve ser um alerta para as autoridades, porque pode ser um sinal de futuros problemas de endividamento, declarou nesta quarta-feira (18) o diretor do Departamento de Mercados Monetários e Financeiros do FMI, José Viñals.
Por enquanto, a região está a salvo da crise dos bancos europeus, que deve "desalavancar" e reduzir sua carteira de risco, mas a prudência é essencial, afirmou o funcionário em uma coletiva de imprensa, ao apresentar o relatório semestral de Estabilidade Financeira mundial.
"Períodos nos quais o índice de crédito cresce muito rápido são indicadores de créditos ruins no futuro", explicou Viñals ao ser perguntado em uma coletiva de imprensa sobre a situação da América Latina. "As autoridades deveriam exercer vigilância a respeito", afirmou.
Segundo Viñals, a eficiente análise das provisões e a supervisão da qualidade de empréstimos são algumas das medidas que devem ser tomadas.
O relatório sobre a Estabilidade Financeira dedicou amplo espaço aos riscos dos bancos na Eurozona, submetida à pressões de todo tipo por conta da dívida soberana dos países membros e de seus empréstimos não pagos. Esses problemas poderiam custar até 1,4% do PIB da zona em 2012 e 2013.
Na hipótese central, os 58 maiores bancos da UE deverão reduzir seu balanço entre setembro de 2011 e final 2013 em US$ 2,6 trilhões (2 trilhões de euros), ou 7% de seus ativos atuais.
Em seu relatório, o FMI realizou uma simulação sobre o possível impacto da crise bancária europeia na América Latina, afirmou Viñals, sem dar cifras.
No caso de uma desalavancagem acelerada, na qual os bancos passariam a buscar em suas filiais no mundo todo a liquidez necessária, "há um impacto (na América Latina) que é relativamente pequeno se comparado a outras regiões, como a Europa", disse.
"A desalavancagem tem sido até agora controlável", explicou Viñals, que citou como exemplo um fenômeno recorrente na América Latina: a substituição de um banco estrangeiro por outro da região.
"Tem havido algumas substituições em termos de um banco 'doméstico' que passa a exercer o papel de banco estrangeiro", disse, o que ajudou a manter sob controle a desalavancagem.