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As políticas econômicas adotadas nos últimos anos tornaram o Brasil mais preparado para enfrentar choques externos. O governo no entanto, precisa cortar os gastos públicos para conter a demanda interna e combater a inflação. As conclusões constam de relatório divulgado nesta sexta-feira (8) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o Brasil.

No documento, a diretoria-executiva do fundo avaliou que o crescimento econômico aliado baixa inflação deve-se principalmente condução da política macroeconômica adotada nos últimos anos. Esse cenário, segundo o relatório, foi internacionalmente reconhecido com a concessão do grau de investimento dado ao Brasil pelas agências de classificação de risco Standard&Poor's e Fitch.

Esses fatores, na avaliação dos diretores, ajudaram o Brasil a superar as turbulências nos mercados internacionais após a crise imobiliária nos Estados Unidos. O Brasil está agora numa posição significativamente mais sólida do que no passado para enfrentar a deterioração no ambiente externo, apontaram os diretores do FMI.

Para manter essa resistência, porém, o fundo recomenda que o país precisa conter o consumo interno. A medida, de acordo com o relatório, é necessária para conter a inflação, que, na visão dos diretores do órgão, não tem origem apenas na alta mundial do preço dos alimentos: Os diretores [do FMI] consideraram que o Brasil deveria conter a demanda doméstica, já que as pressões inflacionárias aumentaram além dos efeitos da elevação global dos preços das commodities [bens agrícolas e minerais com cotação no mercado internacional].

A contenção da atividade econômica, destacou o documento, ajudaria o país a superar a piora nas contas externas, que servem como colchão para resistência a crises internacionais. Depois de cinco anos em superávit, as contas externas que reúnem a balança comercial, as contas de serviços e rendas e as remessas voluntárias de estrangeiros fecharam o primeiro semestre com déficit recorde de US$ 17,4 bilhões.

O organismo internacional elogiou os recentes aumentos na taxa básica de juros pelo Banco Central, como medida para combater a inflação. Nos últimos meses, o Banco Central reajustou a taxa Selic, que passou de 11,25% para 13% ao ano. Os diretores [do FMI] receberam bem o fortalecimento da política monetária e fiscal e notaram que conter a demanda com antecedência aumenta a credibilidade e o grau de flexibilidade para responder deterioração global, destacou o documento.

Para o FMI, a decisão da equipe econômica de constituir uma poupança de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para momentos de crise foi acertada ao ampliar o ajuste fiscal, mas pediram que o governo se concentre ainda mais no corte de gastos.

Os diretores elogiam as autoridades por perseguirem um superávit primário maior em 2008. Conter o crescimento dos gastos públicos sem deixar de proteger áreas prioritárias seria essencial para reequilibrar as políticas macroeconômicas, afirmou o relatório.

Atualmente, a meta do superávit primário economia de recursos para pagar os juros da dívida pública está em 3,8% do PIB. Com a reserva de R$ 14,2 bilhões para o fundo soberano, a economia subiu para 4,3% do PIB. O FMI, no entanto, informou que é necessário ter cuidado para impedir que esses recursos aumentem direta ou indiretamente as pressões sobre a atividade econômica.

A transparência nas operações do fundo [soberano] é imprescindível para manter a confiança na política econômica, avaliou o documento. A direção do FMI, no entanto, recomendou que o melhor uso para a poupança extra seria na redução da dívida pública.

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