Projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgadas nesta terça-feira (10) em Marrakech (Marrocos) indicam que neste ano, pela primeira vez desde 2010, a economia brasileira deve crescer mais que a média mundial. Para os próximos anos, porém, a expectativa é de que o país volte a crescer mais devagar que o planeta.
A projeção para o avanço do PIB do Brasil em 2023, que era de 2,1% em julho, subiu para 3,1%. Para o PIB global, a expectativa do FMI foi mantida em 3%, abaixo dos 3,5% registrados em 2022.
A desaceleração da economia mundial ocorre em meio a um cenário de aperto monetário e queda da inflação. Ela é maior nas economias mais avançadas. "Enquanto esses países, em geral, estão no pico do aperto monetário, alguns mercados emergentes já começaram a flexibilização," ressalta o banco Bradesco em relatório enviado a clientes nesta manhã.
O Fundo destaca que o Brasil, ao lado do Chile, está flexibilizando a política monetária mais restritiva adotada no ano passado, como forma de reduzir a pressão inflacionária global que tem suas raízes na pandemia de Covid-19 e se acentuou após a guerra na Ucrânia.
O economista-chefe do Fundo, Pierre-Olivier Gourinchas, destaca que a economia mundial está "mancando" e não acelerando.
Perspectivas para 2023 vêm melhorando para o Brasil
O anúncio do FMI para o Brasil se segue a uma série de revisões para cima feitas por outros organismos internacionais.
Na semana passada, o Banco Mundial subiu a projeção para a expansão do PIB brasileiro para 2,6%. Em meados de setembro, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) havia elevado seu prognóstico para 3,2%.
A nova expectativa do FMI para o Brasil está ligeiramente acima da mediana das projeções feitas pelo mercado financeiro local, de 2,93%, segundo o último boletim Focus, do Banco Central.
Crescimento brasileiro será menor a partir de 2024
As projeções para o Brasil de 2024 até 2028, entretanto, não são das mais favoráveis, segundo o FMI. O Fundo prevê que a economia brasileira voltará a crescer abaixo do ritmo da economia mundial. Para 2024, por exemplo, a previsão é de que o PIB do Brasil cresça 1,5%, ante 3% na média global.
O novo estudo não entra em mais detalhes sobre a economia brasileira. Na divulgação de julho, no entanto, o FMI sinalizava uma série de desafios econômicos de curto e longo prazo a serem superados, como ameaça persistente da inflação, o elevado endividamento das famílias e a falta de espaço fiscal para realização de gastos prioritários e investimentos públicos.
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