O FMI deu ao governo da Argentina um prazo de seis meses para que tome medidas concretas para melhorar seus dados de inflação. Em comunicado, o Conselho Executivo do Fundo diz que "lamenta a ausência de progressos" nessa área, tendo em vista que o governo argentino já havia prometido fazer mudanças no Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec).
"A diretora-gerente vai relatar ao Conselho Executivo, até 6 de setembro de 2012, sobre o status da implementação das medidas citadas pela Argentina", diz o comunicado.
Economistas questionam a veracidade dos dados do Indec pelo menos desde o começo de 2007, quando o então presidente da Argentina, Nestor Kirchner, substituiu parte do pessoal técnico do órgão por pessoas indicadas politicamente. Os economistas acusam o governo de manipular os dados da inflação, o que o governo nega.
Os críticos do governo observam que os índices de preços ao consumidor provinciais colocam a inflação consistentemente acima dos 20% anuais, e argumentam que elevações de salários apoiadas pelo governo, de 20% a 30% anuais nos anos recentes, equivalem a um reconhecimento implícito de que a inflação é mais alta do que os dados do Indec sugerem.
Segundo o Indec, os preços ao consumidor subiram menos de 10% em 2011. No ano passado, o governo da presidente Cristina Kirchner chegou a reprimir institutos de pesquisas privados que publicavam suas próprias estimativas de inflação; foi estabelecida uma multa de 500 mil pesos (US$ 125 mil) a quem divulgasse índices de preços e alguns economistas foram ameaçados com processos criminais.
Para proteger os economistas, um grupo de parlamentares (que desfrutam de imunidade) passou a publicar um índice alternativo de inflação, submetido por economistas e institutos do setor privado que preferem ficar anônimos. Esse índice subiu 23% no último ano. As informações são da Dow Jones.
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