As novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) são ligeiramente menos otimistas com o Brasil do que o mercado financeiro nacional, quando se toma por base o boletim semanal Focus do Banco Central. A equipe do FMI, no relatório "Perspectiva para a Economia Mundial", prevê uma expansão da economia brasileira de 3% este ano, contra 3,2% na média das 80 instituições financeiras pesquisadas semanalmente pela autoridade monetária. Para 2013, enquanto o Fundo eleva o crescimento do Brasil a 4,1%, o mercado já aposta em 4,3%.
O FMI prevê que a inflação brasileira de 2012, na média anual, será de 5,2% pelo IPCA. O organismo multilateral aponta trajetória de queda do índice oficial do sistema de metas em 2013, para 5%. A comparação não é possível com as projeções do Focus porque o boletim do BC trabalha com o acumulado no encerramento do ano.
Ainda pelas projeções do FMI, o déficit em conta corrente (transações de bens e serviços com o resto do mundo) crescerá dos 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) registrados em 2011 para 3,2% este ano, mantendo-se neste patamar em 2013. A taxa de desemprego no Brasil deverá ficar estável em 6% em 2012 e subir a 6,5% no próximo ano.
No relatório, a equipe do FMI não traça cenários específicos para o Brasil. Lembra apenas que o país mantém uma inflação acima do alvo central, o que reduz o espaço de manobra da política de juros, e voltou a registrar apreciação da taxa de câmbio, o que levou a intervenções das autoridades, por exemplo reduzindo a taxação sobre capitais estrangeiros. O documento salienta ainda que o Brasil, como economia exportadora de commodities, pode sofrer com uma desaceleração da atividade global e da China, mas destaca que o mercado interno robusto tende a contrabalançar situações externas adversas. O Fundo chama a atenção para a manutenção do crescimento acelerado do crédito no país e em vizinhos como Argentina e Colômbia.
De forma geral, o FMI projeta uma situação mais favorável às economias emergentes, devido à consolidação das políticas econômicas dos últimos anos, às relativamente baixas taxas de desemprego, a um declínio controlado dos preços das commodities e a melhores condições dos sistemas financeiros. A projeção é que as nações em desenvolvimento e emergentes terão expansão de 5,7% este ano, 0,2 ponto percentual acima da previsão de janeiro, subindo a 6% em 2013 (+0,1 ponto).
A China, segundo o FMI, mantém indicadores de forte crescimento em investimento e consumo privado, o que manterá a segunda maior economia do mundo em ritmo de expansão superior a 8%: 8,2% este ano e 8,8% em 2013. Demandam atenção a desaceleração do setor imobiliário chinês e a qualidade do crédito.