Em uma aparente crítica às reduções na taxa básica dos juros brasileiros, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou ontem que "seria prematuro relaxar as configurações da política enquanto a inflação ainda está acima da mediana da faixa meta e com tendência de alta". A advertência faz parte do relatório anual "Perspectiva Econômica Mundial", divulgado ontem, e chega num momento delicado: o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) encerra hoje seu encontro de dois dias para decidir a taxa de juros. Entre os analistas, a opinião majoritária é de que Alexandre Tombini e os outros diretores do BC farão a taxa Selic cair dos atuais 9,75% para 9% ao ano.
No relatório Perspectiva Econômica Mundial, o FMI estima ainda que a economia brasileira vai expandir-se em 3% neste ano e 4,1% em 2013, recuperando-se da decepcionante taxa de crescimento de 2,7% registrada no ano passado. "A economia brasileira está agora perto de seu potencial em termos de crescimento", afirmou em Washington o consultor do Departamento de Pesquisa do FMI Thomas Helbling. "Há um senso de que não há necessidade de muita ajuda adicional em políticas."
Os riscos de um superaquecimento no Brasil diminuíram depois que políticas macroeconômicas começaram a dar frutos e o ambiente externo enfraqueceu, disse o Fundo no documento. "Entretanto, o crédito elevado e crescimento das importações sugerem que os riscos de superaquecimento não estão completamente sob controle e podem ressurgir se os fluxos de capital retornarem aos níveis anteriores", alertou a instituição.
Continente
A América Latina continua num "caminho tranquilo" para um crescimento econômico estável, mas os formuladores de política econômica da região têm uma tarefa progressivamente difícil para impedir o superaquecimento da economia e ao mesmo tempo escapar da crise da dívida da zona do euro, disse o FMI.
O Fundo projeta que a economia da América Latina terá expansão de 3,7% em 2012 e de 4,1% em 2013 uma leve revisão para cima em relação à estimativa de janeiro, que previa 3,6% e 3,9%, respectivamente. A expectativa ainda é de que a região cresça com o dobro da velocidade de países desenvolvidos.