O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem perspectivas "cinzentas" para os países exportadores de commodities neste ano e em 2013. As cotações, inclusive as do petróleo, devem cair por causa do declínio da atividade econômica mundial.
Diante desse cenário, o Fundo recomenda aos países afetados "aproveitar as vantagens" dos preços ainda altos para prepararem-se para os tempos de vacas magras.
A receita é direcionada especialmente aos países de baixa renda e exportadores de commodities alimentares. "Os riscos de deterioração considerável do crescimento mundial também traz o risco de um ajuste ainda mais para baixo nos preços das commodities", informou o FMI no capítulo quarto do Panorama da Economia Mundial, conjunto de documentos a ser divulgado na próxima semana, durante a reunião de primavera do Fundo e do Banco Mundial.
"O panorama mundial é um tanto cinzento", resumiu Rupa Duttagupta, economista-sênior do FMI e líder da equipe responsável por esse estudo.
A perspectiva, se confirmada, deverá atingir o Brasil. Porém, de forma menos intensa em comparação com economias cujas exportações de commodities correspondem a quase a totalidade de seus embarques líquidos ao exterior. Os mais atingidos tendem a ser Angola, Líbia, Nigéria, Omã e Arábia Saudita, além de outros exportadores de petróleo, segundo os estudos do Fundo. No caso do Brasil, o café será dos mais afetados, além dos metais.
Novos revezes
Ainda ontem, economistas do FMI destacaram a possibilidade de a economia global passar por novos revezes, com consequências para a retomada da atividade. Primeiro, a expansão nos mercados emergentes tende a esfriar, especialmente na China, depois de ter impulsionado a ligeira recuperação da crise de 2008. Segundo, o risco de a Espanha vir a necessitar também de socorro financeiro, depois dos mais recentes esforços da Europa de enfrentar a crise da dívida pública no continente.
De acordo com Rupa, os mercados emergentes e países em desenvolvimento foram resilientes durante a crise mundial, especialmente por causa do valor elevado das commodities.
O Fundo alertou para o risco de um aumento de 30% no preço do petróleo no caso de redução acentuada nas exportações de petróleo do Irã a partir de julho deste ano. O impacto será temporário e, de qualquer forma, o conjunto das commodities continuará em queda, insistiram os economistas.