O Fundo Monetário Internacional (FMI) elogiou o ajuste fiscal promovido pelo governo brasileiro desde o início do ano, mas recomendou um pouco mais de esforço. Em relatório divulgado nesta terça-feira (12), o organismo recomendou um superávit primário (economia do governo para pagar juros da dívida pública) de 2,5% do PIB em 2016. A meta é 0,5 ponto porcentual maior que a prometida pela equipe econômica, que prometeu poupar 1,2% do PIB neste ano e mais 2% nos dois anos seguintes.
“Indo além de 2015, a nova meta do governo de 2% do PIB para o superávit primário começaria a reduzir a dívida pública no cenário macroeconômico central, mas aumentar essa taxa em 0,5% do PIB ajudaria a colocar a dívida pública em um caminho de redução mais firme, ao reduzir os juros da conta mais rapidamente e aumentar a resiliência a choques e potenciais riscos fiscais”, afirmou o Fundo Monetário.
A medida defendida pelos especialistas responsáveis pelo estudo foi criticada por Paulo Nogueira, diretor executivo do FMI para o Brasil. Em nota, também assinada por Ivan Oliveira Liva, diretor executivo alternativo e Fabio Najjarian. conselheiro do diretor executivo, Nogueira destaca que a proposta do relatório é pouco “persuasiva”.
“A recomendação para um superávit primário maior e mais aperto na política monetária não parece inteiramente persuasiva. A consolidação fiscal planejada já é muito forte. O próprio relatório estima que o déficit primário estrutural de 0,6% do PIB em 2014 será convertido em um superávit de 2,5% em 2016, um salto de mais de 3 pontos percentuais do PIB em apenas dois anos”, escreveu o economista.
O estudo também prevê recuo de 1% da economia brasileira em 2015, com uma recuperação tímida, de apenas 0,9%, em 2016. A projeção para o ano que vem é mais pessimista que a dos economistas ouvidos semanalmente pelo Banco Central, que esperam alta de 1% em 2016, de acordo com o mais recente boletim Focus.