O Banco Central (BC) deverá continuar a aumentar os juros para conter a inflação, independentemente do impacto que o aperto na política monetária tenha no crescimento da economia, recomendou o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em relatório divulgado nesta quarta-feira (28), o FMI pede ainda que os bancos públicos reduzam o ritmo de concessão de crédito e que a equipe econômica não abandone a disciplina fiscal.
Diferentemente dos relatórios de outros anos, este não contém estimativas sobre o crescimento da economia brasileira em 2013 e nos anos seguintes. O documento apenas informa que o país está se recuperando gradualmente da desaceleração iniciada em 2011 e pede a continuidade de reformas que melhorem a produtividade, a competitividade e estimulem os investimentos.
Para o FMI, a equipe econômica deve adotar uma meta de superávit primário economia de recursos para pagar os juros da dívida pública que ponha em queda a trajetória do déficit público. O documento recomenda que o rigor orçamentário seja reforçado, inclusive nas esferas estaduais e municipais.
Segundo o relatório, o estímulo ao crédito nos bancos públicos, posto em prática pelo governo nos últimos anos, pode ter impacto nas contas públicas porque expõe as instituições oficiais a riscos. O Fundo Monetário recomenda moderação na concessão de crédito pelo setor público.
Em relação ao Banco Central, o FMI recomendou que a autoridade monetária mantenha o ciclo de aumento da taxa Selic (juros básicos da economia) para conter a inflação, que ainda está próxima de 6,5%, teto da meta, no acumulado de 12 meses. Na avaliação do fundo, a falta de infraestrutura e a queda nos investimentos dos empresários não apenas pressionam a inflação pelo lado da oferta carência de oferta para atender à demanda como comprometem o crescimento da economia.
"Uma política monetária mais apertada ajudaria a conter pressões mais persistentes de alta de preços", destaca o documento. Para o FMI, o BC tem que continuar comprometido em conter as pressões sobre os preços e a ajudar a fornecer referências para as expectativas dos agentes do mercado financeiro.
O relatório não faz uma análise sobre os efeitos da disparada do dólar sobre a economia brasileira. O documento, no entanto, informa que as turbulências internacionais e a incerteza política interna também contribuem para deteriorar a expectativa de crescimento no curto prazo. Em relação ao câmbio, o FMI ressalta ainda que o país tem os instrumentos necessários para lidar com a mudança nos fluxos internacionais de capital.
O documento destacou também que o sistema bancário brasileiro está sólido e preparado para se enquadrar ao acordo de Basileia 3, que estabelece mais capital de alta qualidade para a concessão de crédito. Segundo o FMI, o país pode se adequar às novas regras antes dos países desenvolvidos, cujos bancos enfrentam dificuldades em aumentar os limites de capital.
Em relação aos financiamentos imobiliários, o relatório informa que o crédito habitacional continua crescendo em ritmo elevado, mas não representa risco para os bancos brasileiros. Segundo o FMI, essas operações representam uma pequena parte do total de crédito disponível no país.
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