
Os analistas do mercado financeiro estimam que a inflação terminará o ano em 5,66% de acordo com o Relatório Focus divulgado na manhã desta segunda-feira (17). O boletim, que agrega as previsões de agentes consultados pelo Banco Central, apontam uma leve redução de 0,02 ponto percentual do apurado na semana passada.
Apesar da redução, a estimativa para o IPCA deste ano ainda está acima do teto da meta de 4,5%, o que pressiona a taxa básica de juros que terá uma nova atualização nesta semana. A expectativa é de que os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) a elevem novamente em 1 ponto percentual, passando dos atuais 13,25% para 14,25%.
Por outro lado, o mercado financeiro estima que a inflação dos próximos anos terá uma elevação, apesar da expectativa de queda em 2025 (veja na íntegra):
- 2026: 4,48%;
- 2027: 4%;
- 2028: 3,78%.
Além da redução da inflação, o mercado financeiro também prevê uma redução do PIB deste ano, passando dos 2,01% estimados na semana passada para 1,99% nesta segunda (17). A expectativa vai contra o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que diz esperar uma alta acima de 3% como ocorreu em 2024.
“E pode dizer que esse ano o Brasil ainda vai crescer 1,5%. Nós vamos crescer 3,7%. E não falem bobagem, de que não vamos crescer neste ano”, disse em meados de fevereiro.
Para os próximos anos, o mercado estima um crescimento menor de 1,6% em 2026, 2% em 2027 e 2% em 2028.
Dólar e Selic
Os analistas do mercado financeiro também preveem uma leve redução na cotação média do dólar, passando dos R$ 5,99 para R$ 5,98 neste ano. Para 2026, a moeda norte-americana deve voltar aos R$ 6 e diminuir para R$ 5,90 em 2027 e 2028.
E também estimam que a taxa básica de juros terminará este ano em 15%, reduzindo para 12,5% em 2026 e para 10% em 2027 e 2028.
"O ajuste nos juros busca ancorar expectativas, mas pode desacelerar ainda mais o crescimento do PIB, que já sofreu uma leve revisão para baixo. O mercado segue atento ao equilíbrio entre controle inflacionário e impacto na atividade econômica", disse Pedro Ros, CEO da Referência Capital.
Já Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, afirma que a leve queda da inflação prevista no Focus desta semana indica que o mercado "ainda vê dificuldade" no controle da inflação, mesmo com a taxa Selic mais alta. "A revisão para baixo do PIB em ambos os anos mostra que o aperto monetário já está impactando a atividade econômica, sem, no entanto, garantir uma trajetória firme de desinflação", completou.