Nelson Barbosa: ajuste fiscal vai demorar dois anos.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A taxa básica de juros, a Selic, deverá chegar a 14% ao ano no fim de 2015. Se confirmada a previsão dos analistas do mercado financeiro, será a maior dos últimos nove anos, já que estava em 14,25% ao ano em agosto de 2006. As projeções constam do Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira (1), pelo Banco Central, e levam em conta um aumento dessa taxa na próxima quarta-feira (3), em 0,50 ponto porcentual, para 13,75% ao ano.

CARREGANDO :)

Para 2016, há consenso de que a Selic ficará em 12% ao ano, o que embute a perspectiva de que haverá um afrouxamento monetário ao longo de 2016. É para o final do ano que o BC promete entregar a inflação no centro da meta de 4,5%. “O aperto das políticas fiscal e monetária deverá ser acentuado ao longo de 2015, tornando a recuperação em 2016 não menos desafiadora”, escreveram os consultores da Rosenberg & Associados em relatório a clientes.

Por trás desse novo cenário de juros elevados está a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Este ano, o índice oficial do país deve encerrar com aumento de 8,39%, bem acima da meta perseguida pelo BC. Esta foi a sétima semana consecutiva de elevação dessa estimativa. Para 2016, a projeção ficou estacionada em 5,50% mais uma vez. Apesar de mais amena, a taxa também segue acima do objetivo do BC.

Publicidade

Levy diz que economia reagirá no 2º semestre, apesar de atraso no ajuste

Demora na aprovação do ajuste fiscal contribuiu para manutenção da expectativa negativa do mercado financeiro em relação à economia brasileira, defende ministro

Leia a matéria completa

“Remédio necessário”

O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou nesta segunda (1º) que a alta de juros promovida pelo BC é um “remédio necessário” para o controle da inflação. Segundo ele, que falou a economistas em palestra na Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, o BC terá autonomia para definir o patamar adequado. “Já é um consenso, um ponto pacífico há muito tempo no Brasil, que política monetária tem de ter a liberdade necessária para manter a inflação no centro da meta.”

Questionado sobre o impacto da alta de juros no custo da dívida pública, Barbosa afirmou que se trata de uma taxa composta e o governo vem atuando para reduzi-la. “Taxa de juros mais baixa não é feita por decreto, ela é construída. Você constrói as condições para que a economia possa operar com maior crescimento e menor inflação com taxa de juros mais baixa”, disse. Ele citou as iniciativas do governo de aumentar a TJLP, a taxa de juros usada em empréstimos do BNDES, e de não fazer novos aportes nos bancos públicos como maneiras de ajudar a baixar a taxa de juros.

Disse ainda que o esforço fiscal do governo demorará pelo menos dois anos. Nas contas dele, as medidas de austeridade permitirão que União, estados e municípios economizem 1,1% do PIB este ano para o pagamento dos juros da dívida, o chamado superávit primário. Em 2016, o governo acredita que será possível economizar 2%.

Publicidade