A superintendência do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Paraná oficializou ontem a formação da comissão de três integrantes que vai avaliar os 1,8 mil animais da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira (Norte do estado), apontada como foco de febre aftosa. A comissão do Mapa vai trabalhar em conjunto com um grupo do Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Paraná (Fundepec), formado por cinco pessoas, já instituído na sexta-feira. As comissões se reuniram ontem em Curitiba para discutir o encaminhamento dos trabalhos. A visita à Cachoeira para avaliação pode ocorrer hoje.
O Mapa e o Fundepec são os responsáveis pelo pagamento das indenizações ao proprietário pelo sacrifício sanitário dos animais. No Paraná, como o acordo de defesa sanitária animal entre a União e o estado não foi renovado, o valor da indenização é dividido meio a meio, segundo o ministério.
Esse era o passo que faltava para selar o acordo entre o Fundepec e o dono da fazenda, André Carioba, que pode dar fim a um impasse que já se arrasta há 20 dias, desde que o sacrifício foi impedido por uma liminar concedida ao proprietário. Na sexta-feira, Carioba se comprometeu a desistir da demanda judicial caso concorde com a avaliação feita pelas comissões do Mapa e Fundepec. O anúncio da suspeita de foco foi em 21 de outubro e a decretação pelo ministério, em 6 de dezembro.
Apesar de ter concordado com a proposta do fundo, Carioba não vai desistir de cobrar, na Justiça, indenização pelos prejuízos causados com a alimentação dos animais que já estavam em ponto de abate e pela perda de receita com a desvalorização do preço da arroba, que despencou depois que o foco foi decretado. A ação impetrada por Carioba na Justiça Federal pede indenização de R$ 1,5 milhão, mas o dono da Cachoeira estima que os prejuízos já ultrapassem R$ 2 milhões. A fazenda será visitada hoje por integrantes da comissão da União Européia, que está verificando as ações do Paraná contra a aftosa.
A expectativa da cadeia produtiva é que o sacrifício aconteça até o fim da semana. Antes mesmo do Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa) decidir pelo sacrifício dos animais da Cachoeira, em 11 de janeiro, as entidades que compõe o Fundepec já haviam pedido uma solução rápida para a aftosa no estado. Para poder reconquistar o status de área livre de aftosa com vacinação, o estado tem de fazer o abate ou o sacrifício dos animais da propriedade.
Ontem, os governos da Tailândia e das Filipinas declararam que não vão mais comprar carne brasileira, aumentado para 56 o número de países que decretaram embargo por causa da febre aftosa.