Principal fornecedora do setor de petróleo e gás no Paraná, a norueguesa Aker Solutions marcou para 19 de abril a inauguração de sua nova fábrica, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Com 60 mil metros quadrados de área construída, a unidade, batizada de Subsea High Tech Center, vai substituir a fábrica que opera desde 1978 na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).
O projeto consumiu investimentos de R$ 258 milhões, dos quais R$ 200 milhões foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Quando liberou o financiamento, o banco de fomento informou que a obra geraria 360 postos de trabalho temporários.
GALERIA: Veja fotos da área externa da nova fábrica da Aker Solutions
O complexo industrial será inaugurado com mais de um ano de atraso em relação à previsão inicial, de janeiro de 2015. O que demorou foi o início da construção. A empresa queria dar início às obras em agosto de 2013, mas elas começaram apenas no fim de 2014. A Aker também teve de lidar com denúncias de que a antiga proprietária do terreno teria cometido crime ambiental na área.
Mercado desfavorável
Muita coisa mudou – para pior – no mercado do petróleo desde que a Aker anunciou a nova fábrica, em março de 2013. Na ocasião, o setor estava em plena expansão, com o barril cotado a mais de US$ 100. Agora, o preço está na casa dos US$ 30. A Petrobras, principal cliente, já não vivia seu melhor momento, mas também estava muito longe do caos trazido pela revelação, no ano seguinte, de um esquema de corrupção de grandes proporções em suas entranhas.
Como reflexo da Lava Jato, do alto endividamento e de problemas de caixa, a estatal vem cortando investimentos, o que afeta toda a cadeia de fornecedores. A Aker não foi tão prejudicada porque ainda está produzindo equipamentos para atender a encomendas bilionárias feitas pela Petrobras há alguns anos, mas os novos pedidos minguaram.
No mesmo dia em que anunciou a nova fábrica, a companhia norueguesa revelou um contrato de US$ 800 milhões (quase R$ 3,2 bilhões, pelo câmbio atual) para a produção de 60 equipamentos submarinos chamados de “árvores de natal molhadas”, a serem entregues à Petrobras entre 2014 e 2018, para a exploração do pré-sal da Bacia de Santos. Na carteira de encomendas, a companhia norueguesa já tinha outros 40 equipamentos, também para o pré-sal, em produção desde 2010.
De março de 2013 para cá, a Aker anunciou somente mais um contrato, em abril de 2014, para a fabricação de oito tubos de distribuição (“manifolds”), no valor de US$ 300 milhões (R$ 1,2 bilhão), também para a Petrobras.
Árvore de natal molhada
Principal produto da Aker Solutions, a árvore de natal molhada é um gigantesco conjunto de válvulas instalado na boca do poço, no fundo do mar, para controlar a vazão do óleo e do gás. Em entrevista à Gazeta do Povo em 2013, o então presidente da Aker no Brasil, Luis Araujo, hoje presidente mundial da companhia, revelou que na nova fábrica a empresa produziria também a parte eletrônica desses equipamentos, elevando seu conteúdo nacional de 60% para 70% ou mais.
O ponto positivo, para a Aker, é que a crise levou a Petrobras a se concentrar ainda mais na exploração e produção de petróleo, deixando em segundo plano outras áreas de negócios. Por isso, as perdas para os fornecedores de equipamentos para essa parte da cadeia do petróleo devem ser mais limitadas.
O número de funcionários da multinacional, que era de quase 1,2 mil no início de 2014, segundo comunicado do BNDES na época, baixou a cerca de 900. Todos serão transferidos para a planta de São José dos Pinhais.
Empresa fez acordo com MP para recuperar terreno
Antes de a Aker Solutions comprar o terreno onde instalou sua nova fábrica, a então proprietária da área, a MCE Participações, fez uma terraplenagem que teria causado danos ambientais na região, com a eliminação de vegetação e de uma nascente, segundo denúncia apurada na época pelo Ministério Público do Paraná (MP).
Vistorias feitas em maio e junho de 2013 pela Secretaria de Meio Ambiente de São José dos Pinhais e pelo Batalhão de Polícia Ambiental (Força Verde) identificaram corte de vegetação nativa e aterro em área de preservação permanente. Na ocasião, a MCE e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que autorizou a construção da fábrica em 4 de outubro de 2013, negaram irregularidades.
Em 28 de outubro, semanas depois da emissão da licença de instalação, a Aker Solutions, mesmo sem assumir a culpa pelos problemas, firmou com o MP um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para recuperar a área degradada.
A companhia se comprometeu a plantar mudas nativas e estabilizar as margens do arroio Campininha, nos fundos do terreno, conservar o remanescente florestal existente no imóvel e recuperar a área de preservação permanente em torno de uma nascente localizada pelo Serviço Geológico do Paraná (Mineropar).
Segundo o MP, a Aker cumpriu todas as obrigações previstas no TAC. Restam, ainda, dois inquéritos policiais que serão encaminhados para acompanhamento na Promotoria de Meio Ambiente de São José dos Pinhais. Os dois apuram se a MCE e seu proprietário, Bogdan Bembnowski, cometeram crime ambiental no imóvel.
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