Um baú com raridades históricas do século 20 acaba de ser aberto na internet. Dona de um acervo com alguns dos flagrantes fotográficos mais importantes dos últimos 150 anos, a revista norte-americana "Life", que não circula mais em papel desde 2007, inaugurou na quarta um serviço com 2 milhões de fotos de seu arquivo o projeto prevê mais 8 milhões. E tudo de graça, em alta resolução e ao alcance do mouse de qualquer pessoa.
Uma parceria com o Google, o http://www.life.com permite, por meio de buscas, acessar registros feitos desde 1860, como um flagrante de Santos Dumont em 1900 sobrevoando Paris ou um retrato de Lenin datado de 1918, época da Revolução Russa. Mas o forte mesmo é a partir de 1936, quando a revista foi lançada.
A abundância e a qualidade das imagens se justificam pelo perfil da Life. Ela nasceu como uma publicação semanal que cobria celebridades e fatos do mundo por fotojornalismo. Eram 50 páginas de imagens rodeadas por pequenos textos. Entre 1978 e 2000, virou mensal. Depois, até 2007, um encarte em jornais dos EUA.
Nesse meio tempo, perdeu público, ficou alguns anos sem ser publicada e foi outras vezes relançada. O novo projeto de levar as fotos para a web é mais uma tentativa de recolocar a Life no mercado. Só que agora na rede mundial. Em fevereiro, deve ser lançada uma nova versão do Life.com, no qual internautas poderão ver e compartilhar imagens históricas ou de fatos do dia.
"A parceria com o Google é uma forma de levar tráfego para o Life. com", diz o presidente da Life, Andy Blau. "Agora (com as fotos na web) conseguiremos alcançar e fidelizar uma grande audiência com nosso vasto arquivo, que vai de fatos mundiais sérios a celebridades de Hollywood e bizarrices."
Hoje, das 2 milhões de fotos no site, 97% nunca tinham sido publicadas e estavam em "arquivos empoeirados" na forma de negativos, slides e impressões antigas. Até agora, só 20% do conteúdo a ser digitalizado processo que já dura dois anos está no ar. Em fevereiro, devem ser disponibilizadas mais 8 milhões de fotos, contemplando todo o acervo da revista.
A idéia da Life, mesmo depois de lançar o Life com, é manter o acesso gratuito. O lucro virá com anúncios, impressão de fotos em formatos especiais e venda para usos profissionais. Para proteger esse modelo de negócios, desde já é possível acessar as fotos, inclusive em alta definição, salvá-las e até imprimi-las. Só não pode usá-las "para fins comerciais". Ou seja: está liberado para os trabalhos escolares da molecada.
E publicar no blog, por exemplo, pode? Blau diz que esses sites ficam em um caminho intermediário entre comercial e não comercial. E dá a entender que fará vista grossa. "Nossa prioridade não será vigiar os blogs", adianta. "O que ficaremos de olho é se houver abusos, como o uso não autorizado para ganhar dinheiro."
*A foto que ilustra esta reportagem tem seus direitos autorais pertencentes à Time Inc.
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