A sensação é de que a fraude corporativa ainda compensa. Um levantamento feito pela S2 Consultoria, especializada em gestão de risco, aponta que o impacto na carreira de funcionários que cometeram fraudes é pouco expressivo.
“Muitas empresas ainda não aplicam processos disciplinares por medo de enfrentarem demandas judiciais no futuro”, aponta Renato Santos, sócio-fundador do Instituto de Percepção do Risco Comportamental (IPRC).
A pesquisa aponta que os profissionais que se envolveram em fraudes levaram, em média, quatro meses para iniciar uma nova atividade. É três vezes menos do que as pessoas levam para se recolocarem no mercado de trabalho, de acordo com dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
Dois terços dos profissionais conseguiram uma recolocação em uma empresa privada e um terço como empreendedor. Segundo Gustavo Melchiori, pesquisador responsável, a rapidez na recolocação desses profissionais no mercado de trabalho mostra a fragilidade das empresas em identificar esse perfil de risco durante processos seletivos.
Um dos fatores que contribui para isso, de acordo com Santos, pode ser o perfil “mais envolvente e mais sociável” dos profissionais que se envolveram em fraudes. Três em cada quatro pessoas continuam atuando na mesma área e 50% dos fraudadores foram promovidos no novo emprego.
Oportunidades para a fraude
Segundo o relatório da pesquisa,
Isto nos permite entender que, em muitos casos, estes profissionais podem se deparar com uma oportunidade para seguir fraudando, afinal, estão agora munidos de maior responsabilidade e poder de decisão; entretanto, essas informações são de difícil consulta, uma vez que, mesmo quando ocorre a demissão por justa causa, tais informações não ficam registradas, seja na carteira de trabalho ou qualquer outra plataforma de acesso público.
Relatório do IPRC
Isto, segundo Santos, dá a ideia da percepção de que existe a impunidade e ajuda a fomentar uma cultura da fraude. “E, em muitos casos, há um certo espírito de benevolência por parte dos colegas do fraudador.”
Outro aspecto que favorece essas práticas é a cultura do ‘jeitinho’. O especialista aponta que isto, muitas vezes, serve de justificativa para o fraudador.
Mudanças a caminho
Mas, Santos aponta que existem soluções para combater a fraude corporativa. Algumas delas já começam a ser colocadas em prática nas empresas brasileiras. Uma das soluções que vem ganhando destaque são os testes de ética e integridade, que ajudam os empregadores a identificar o grau de resiliência dos colaboradores em situações de dilemas éticos.
Outra é o aumento da capacitação em relação ao tema. Uma pesquisa divulgada pela consultoria KPMG no ano passado mostra que 28% dos profissionais não tinham recebido treinamento em corrupção e compliance em um período de 12 meses. E quando se refere a relacionamento de empresas com terceiros, 61% deles não receberam treinamento sobre o assunto no período.
O relatório da pesquisa da IPRC aponta que outra solução seria a existência de leis para a criminalização da corrupção na esfera privada, além do reforço de medidas que coíbam essas atitudes.
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