Operações fraudulentas de um corretor na bolsa, que foi detido nesta quinta-feira (15) em Londres, podem provocar perdas de até US$ 2 bilhões ao banco suíço UBS, informou a própria instituição.
Um porta-voz da polícia londrina confirmou a detenção de um homem de 31 anos por suspeitas de fraude por abuso de posição. De acordo com a imprensa inglesa, o suspeito é Kweku Adoboli e trabalha para o UBS em Londres. A Scotland Yard não divulgou nomes.
O UBS, que tem 6 mil funcionários na Grã-Bretanha, anunciou, em um curto comunicado, que foi vítima de transações fraudulentas de um de seus operadores. "O UBS descobriu um prejuízo provocado por operações não autorizadas efetuadas por um operador da divisão do banco de investimentos", afirma a nota oficial.
A notícia explodiu como uma bomba no mundo financeiro suíço. As ações do UBS registravam perdas de mais de 8% na bolsa de Zurique. "Uma investigação está em curso, mas o UBS calcula desde já que as perdas poderiam alcançar dois bilhões de dólares", acrescenta o comunicado.
Os números do banco no terceiro trimestre podem ficar no vermelho em consequência da fraude, informou o UBS, que garantiu que os clientes não serão prejudicados.
A fraude foi detectada na quarta-feira da semana passada, afirma a direção do UBS, em uma carta aos funcionários. "Os fundamentos do banco não estão afetados", destaca o texto, que indica que a fraude foi informada aos mercados "de acordo com a legislação".
"Estamos desenvolvendo uma investigação com a divisão do banco de investimentos para esclarecer o mais rápido possível este caso", completa a carta da direção, que pede aos funcionários que "continuem apoiando os clientes". O caso revelado nesta quinta-feira é similar ao que abalou o banco francês Société Générale em janeiro de 2008. O corretor Jérôme Kerviel efetuou transações colossais que obrigaram o banco a liquidá-las para evitar a falência, o que provocou uma perda de quase cinco bilhões de euros e a renúncia do presidente.
Credibilidade do banco está arranhada
O caso acontece em um momento ruim para o UBS, que, depois de muitos problemas, havia recuperado um pouco de credibilidade. O UBS sofreu grandes perdas com a crise dos subprimes americanos e foi salvo por uma intervenção do Estado, que emprestou dinheiro ao banco, mas o episódio provocou uma fuga de muitos clientes suíços.
"É uma notícia ruim para o UBS, mas também para o mundo bancário suíço no conjunto", comentou Claude Wehnder, analista do Banco Cantonal de Zurique. "Todos se perguntam como uma coisa assim pôde acontecer, qual é o sistema de controle do banco", completou Wehnder.