A freada no ritmo da economia no primeiro trimestre deste ano afetou o padrão de consumo e os planos tanto das famílias mais abastadas, que trocavam de carro a cada dois anos e viajavam para o exterior com frequência, como daquelas mais pobres, que nos últimos tempos sentiram o gosto de ter alguma folga no orçamento e até começaram a sonhar com a casa própria.
No primeiro trimestre, o consumo das famílias, que responde por cerca de 60% de toda a riqueza gerada no País, caiu 0,9% em relação a igual período de 2014. Foi a primeira retração desde o terceiro trimestre de 2003. A falta de ânimo para o brasileiro ir às compras, estampada na baixa histórica registrada pelos índices de confiança, derrubou o setor de serviços, o que piorou o quadro de estagnação do ritmo de atividade. Entre janeiro e março, o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,2% em relação ao trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período de 2014, a queda foi maior: 1,6%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O consumo, que foi o motor da economia nos últimos anos, começou a ser afetado negativamente por uma combinação de fatores. A escalada da inflação, que em 12 meses gira em torno de 8%, fez com que o brasileiro tivesse menos dinheiro para gastar. Isso porque as pressões se concentraram nas tarifas de energia, água e combustível, que são despesas obrigatórias.
Além disso, para combater a inflação, o Banco Central subiu os juros e acabou encarecendo o crédito, que foi o grande propulsor do consumo nos últimos anos. Mas, com o avanço do desemprego, o quadro se agravou. O medo de ir às compras provocou paradeira no varejo, que exibe hoje retração nas vendas que inclui de veículos a alimentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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