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Frete alto: vilão da inflação da comida

O preço do frete para transportar grãos entre Cascavel e Paranaguá aumentou mais de 50% neste ano na comparação com março, abril e maio do ano passado | Roberto Custódio /JL
O preço do frete para transportar grãos entre Cascavel e Paranaguá aumentou mais de 50% neste ano na comparação com março, abril e maio do ano passado (Foto: Roberto Custódio /JL)

A alta recente no preço dos alimentos no Brasil está prevalecendo por causa do elevado custo do frete. O atacado tem observado uma deflação nos preços agropecuários desde o início do ano, mas esse reajuste não chega ao consumidor porque os custos com transportes aumentaram em 2013.

Na avaliação de analistas, o cenário aponta para um alívio no preço dos alimentos, mas ele ainda será insuficiente para o consumidor final sentir em seu bolso de forma plena. Os preços dos fretes foram afetados por variáveis perenes, como aumento nos preços do diesel e nova lei trabalhista para a categoria.

"Há um pico [no preço do frete] no período da colheita e depois ameniza. Mas vamos continuar em nível elevado. O que foi visto em 2011 e 2012 não deve ser alcançado novamente", disse o analista de grãos da consultoria agrícola Informa Economics FNP Aedson Pereira.

De acordo com cálculos da FNP, para o trecho de Cascavel (PR) a Paranaguá (PR), neste mês o frete está em torno de R$ 75 por tonelada de soja ou milho. No pico da safra, em março e abril, o valor chegou a bater em R$ 90 a R$ 100. Na mesma época de 2012, o valor foi de R$ 55 reais para maior, com pico R$ de 65 – uma diferença de mais de 50%.

Para transportar grãos de Rondonópolis (MT) a Santos (SP), o custo do frete é de cerca de R$ 185 por tonelada, mas chegou a R$ 220 no pico da safra. Em 2012, o custo foi de R$ 170 , alcançando no máximo R$ 180.

Causas

Os principais fatores responsáveis pelo salto destes custos foram o aumento no preço do diesel e a mudança da legislação trabalhista dos motoristas. O combustível, usado nos caminhões que transportam a safra e os produtos, já foi reajustado duas vezes este ano. A Lei do Descanso, que entrou em vigor no ano passado, estabelece que os motoristas têm de parar por 30 minutos a cada quatro horas trabalhadas, além de direito a intervalo mínimo de 11 horas ininterruptas a cada 24 horas.

"Isso reduz o tempo que o caminhoneiro pode trabalhar, e portanto é preciso mais caminhões para manter o mesmo fluxo. A lei é boa, mas acaba gerando distorção no mercado num momento (de safra recorde e demanda internacional alta) em que há muita necessidade de caminhões", disse o sócio-analista da consultoria agrícola Agroconsult, André Debastiani.

A expectativa entre os analistas é de que a alta dos preços dos alimentos no varejo continue desacelerando, ainda que lentamente, nos próximos meses como reflexo da deflação no atacado.

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