Curitiba e Maringá A crise gerada pela febre aftosa levou frigoríficos paranaenses com produção destinada à exportação a recorrer às demissões em massa. Ontem, o frigorífico Garantia, de Maringá (Noroeste do estado), confirmou a dispensa de 150 funcionários, o que eleva para 650 o número de demissões em empresas do setor no estado desde 10 de outubro, quando surgiu o primeiro foco da doença em Mato Grosso do Sul. No Paraná, o Ministério da Agricultura confirmou em 6 de dezembro um foco de aftosa na Fazenda Cachoeira, de São Sebastião da Amoreira (Norte). O sacrifício dos cerca de 1,8 mil bovinos da propriedade será definido amanhã, em reunião do Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa).
Segundo levantamento do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarne), os abatedouros de bovinos, suínos e aves paranaenses já perderam R$ 120,3 milhões (US$ 53,5 milhões) em consequência dos embargos à carne brasileira impostos por 53 países. O prejuízo maior é dos abatedouros de suínos, que acumulam perdas de R$ 66,8 milhões (US$ 29,7 milhões), seguido pelos de bovinos, com R$ 31 milhões (US$ 13,8 milhões) e aves, com R$ 22,5 milhões (US$ 10 milhões).
Gustavo Fanaya, economista do Sindicarne, prevê que nas próximas semanas comecem as demissões nos frigoríficos de suínos que exportam, principalmente em virtude do embargo da Rússia responsável por 80% das compras desse tipo de carne do Paraná. "Como o estado deverá levar pelo menos seis meses para recuperar seu status de área livre de aftosa, as alternativas são reduzir abates ou parar as atividades, pelo menos até que a situação se resolva", disse Fanaya.
Mais cortes
Com os cortes anunciados ontem, o Frigorífico Garantia vai chegar a 350 demissões desde outubro. De acordo com Valdir Torelli, um dos donos da empresa, 600 pessoas continuarão trabalhando em Maringá. A empresa tem outra unidade em Mato Grosso do Sul que, segundo Torelli, por enquanto, não sofrerá cortes.
Da carne produzida pelo Garantia em Maringá, 80% era exportada para Rússia, Irã, Iraque e países da Europa. "Agora, com o embargo, estamos focando o mercado interno", diz Torelli. O volume de abates caiu de 23 mil para 13 mil cabeças por mês.
A crise também abalou o Frigorífico Margen, um dos maiores do país e que teve diretores presos no ano passado, sob a acusação de sonegação fiscal. Na semana passada, a empresa anunciou o fechamento de sete unidades, com a demissão de 1,7 mil empregados. Uma das unidades fechadas fica em Paiçandu (Noroeste do Paraná), onde serão demitidos 300 funcionários. Não foram anunciadas demissões nas outras duas unidades no estado, em Lupianópolis e Paranavaí.
De acordo com Adalberto José da Silva, administrador geral do Margen, além da aftosa, a política de câmbio do governo federal agravou a crise. Antes do embargo, o Margen abatia 8 mil animais por dia. O grupo manterá 12 unidades em funcionamento, reduzindo pela metade o volume de abates.
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