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Mercados

Fuga para ativos mais seguros derruba emergentes

Sacudidos pela fuga dos investidores em busca de ativos considerados mais seguros, os mercados brasileiros tiveram um dos piores dias do ano nesta quinta-feira.

O temor com a crise no mercado de crédito imobiliário dos Estados Unidos atingiu em cheio os mercados emergentes e as principais bolsas de valores do mundo. Analistas não batem o martelo sobre a extensão da turbulência, mas acreditam que o Brasil tem bons fundamentos.

O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo fechou em baixa de quase 4 por cento depois de cair mais de 6 por cento no pior momento do dia.

O risco Brasil disparou quase 40 pontos e atingiu o maior patamar desde dezembro, a 220 pontos-básicos, enquanto o dólar registrou a alta mais forte desde maio de 2006, momento em que o mercado também se preocupava com os EUA e as decisões do Federal Reserve.

As projeções de juros avançaram na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e fizeram o Tesouro Nacional suspender um leilão de títulos prefixados para não sancionar as taxas altas.

O cenário externo se deteriorou, fazendo o índice Standard & Poor's 500 a despencar mais de 3 por cento, com um acúmulo de operações fracassadas de financiamento para aquisições.

Na Austrália, alguns hedge funds expostos ao mercado "subprime" norte-americano se fecharam para saques. A russa Gazprom desistiu de precificar eurobônus de 30 anos devido à volatilidade do mercado.

A reação dos mercados brasileiros reflete um pouco "desse mundo novo, de menor liquidez... Já teve um primeiro momento (para contrair a liquidez) que foi dos bancos centrais elevando juros. Num segundo momento, vem o aperto do crédito", afirmou o estrategista-chefe do BNP Paribas, Alexandre Lintz.

"Agora vai ter uma separação maior entre ativos de qualidade e os de menor qualidade, e o Brasil está bem", acrescentou.

Para a Modal Asset Management, a situação parece mais séria do que as correções vistas no começo do ano. "É o terceiro grande 'espasmo' nos mercados neste ano: o primeiro ocorreu quando a bolsa chinesa despencou em fevereiro; o segundo verificou-se quando a questão dos empréstimos 'subprime' eclodiu em março", citou em relatório.

Já o diretor de renda variável da BNP Asset Management, Jacopo Valentino, avalia que esta ainda é uma correção temporária. "O mercado estava um pouco otimista demais. Olhando o lado técnico, estava esticado. Estava subindo muito rápido, em uma velocidade que obviamente não dava para sustentar por muito tempo", disse.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, também acredita que este seja mais um ajuste passageiro diante de "um cenário que não é mais tão favorável", mas ressalva: "se os balanços que forem divulgados saírem com prejuízos ou muito abaixo das expectativas, o mercado vai sofrer mais volatilidade".

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