O diretor-presidente do fundo de pensão dos trabalhadores da Caixa Econômica Federal (Funcef), Carlos Alberto Caser, assegura que não foi uma aventura o arrojado investimento feito pelos fundos de pensão no aeroporto de Guarulhos. Eles ofeceram uma outorga de R$ 16,2 bilhões, com ágio de 373% sobre o valor mínimo. Sócio na Invepar com os fundos Petros (dos funcionários da Petrobras) e Previ (Banco do Brasil), Caser diz que as contas fecham e que o grupo prevê forte crescimento da receita com tarifas e valores não regulados, como estacionamentos.
Sozinha, a Funcef ainda tem investimentos na hidrelétrica de Belo Monte (PA); e, por meio da Invepar, a concessão do Metrô do Rio, a operação da Linha Amarela e a rodovia Rio-Teresópolis. Caser confirma que o investimento da Invepar em Guarulhos vai render mais que a meta de retorno da Funcef, de INPC mais 5,5% ao ano. "Do contrário os fundos não teriam entrado. A Invepar fez um estudo muito aprofundado da questão. Não foi uma aventura. Achamos que há uma demanda reprimida e uma possibilidade de ganho", argumenta.
O diretor-presidente da Funcef aposta no crescimento da receita com tarifas por causa do esperado aumento no número de passageiros. Mas vê boas possibilidades também em outras frentes. "Esperamos crescimento na receita muito forte no setor que não é o de tarifas. Aí entra a área imobiliária, que pode ser mais bem explorada, e obviamente receitas não tarifárias, de estacionamento a lojas", enumera.
Caser considera natural o temor dos participantes da Funcef com o risco desses investimentos. E afirma que a obrigação da entidade é mostrar ao investidor que as contas batem. Ao ser lembrado de que até o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu explicações aos fundos depois do leilão, Caser argumenta que isso se deveu ao fato de o Banco do Brasil e a Caixa serem vinculados ao ministério. "É uma preocupação cabível, pertinente", afirma.
O executivo também não espera que haja uma variação na composição do consórcio depois de os contratos serem assinados, como ocorreu na hidrelétrica de Belo Monte, na qual a Funcef entrou posteriormente. "Em Belo Monte houve, de fato, uma movimentação que em Guarulhos acho muito pouco provável", avisa.