Na manhã de ontem, os cerca de 500 trabalhadores da Porcelana Schmidt, em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, colocaram fogo em pneus na avenida que dá acesso à fábrica como forma de protesto. Eles estão em greve desde terça-feira, cobrando o pagamento dos salários de junho. A Polícia Militar chegou a ser acionada, mas não registrou nenhum problema mais grave. A empresa estima a folha de pagamento mensal em R$ 300 mil e programou o pagamento entre hoje e amanhã.
Esta é a terceira paralisação realizada este ano na Porcelana Schmidt. Na última, em março, foi acordado que nos três meses subsequentes o pagamento seria realizado no dia 10 e que, a partir deste mês, voltaria para o dia 5. "Não saiu nesse dia e demos prazo até o dia 10, mas também não saiu, por isso decidimos parar na terça-feira", disse o representante dos funcionários, Divonzir Batista. Segundo ele, nas tentativas de conversa com a empresa, a informação era de que somente o pessoal da unidade de Mauá (SP) poderia tratar de questões financeiras. "Mas eles não vêm aqui para conversar", reclamou.
Segundo o gerente de queima da unidade de Campo Largo, Martin Alfredo, já havia uma conversa com o sindicato que representa os trabalhadores sobre a possibilidade de o pagamento sair hoje, mas teria havido desentendimento dos trabalhadores com a entidade, em razão da interferência do vereador Nelson de Souza, vice-presidente licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos e da diretoria da Força Sindical por ser candidato a deputado estadual.
Alfredo reclamou que a greve dos trabalhadores dificulta ainda mais o pagamento porque há peças no valor de R$ 400 mil para serem embaladas e entregues aos compradores desde terça-feira. Juntas, as unidades de Campo Largo e Pomerode (SC) produzem cerca de 1,8 milhão de peças de porcelana por mês. O vereador de Campo Largo disse que foi chamado pelos trabalhadores para discutir os problemas porque "o sindicato perdeu a credibilidade e os deixou abandonados". Na tarde desta quinta-feira, Souza estava em frente à fábrica para, segundo ele, orientar os trabalhadores a manter as áreas essenciais funcionando. Nenhum diretor foi encontrado no Sindicato dos Trabalhadores em Indústrias de Cerâmica e Porcelana.
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