Funcionários da fabricante de motores TMT Motoco do Brasil, com sede na antiga fábrica da Chrysler, em Campo Largo, foram às ruas ontem protestar contra recentes decisões da Justiça, que deram ganho de causa a bancos credores e bloquearam as contas da empresa, precipitando a interrupção da produção. A TMT é a subsidiária brasileria da montadora norte-americana de máquinas agrícolas Tecumseh. A empresa é a maior empregadora do município de Campo Largo, com cerca de 860 funcionários diretos e outros 300 indiretos. Parte deles está de licença remunerada desde o início da semana, e a partir de segunda-feira praticamente todos entrarão em férias coletivas por 20 dias.
"A manifestação foi pacífica, sem o intuito de ofender nem o poder judiciário nem as instituições financeiras. Nem temos conhecimento para isso. Só queremos mostrar a preocupação com relação ao nosso trabalho", disse José Lunardon, funcionário da área de Qualidade de Fornecedores desde o início das operações da fábrica, em 2003. Com faixas e cartazes, cerca de 500 pessoas caminharam da sede da empresa até o centro da cidade, onde fica o fórum. Lá, fizeram um minuto de silêncio e cantaram o hino nacional.
No auge de sua produção, com 130 mil motores saindo de Campo Largo por mês (quase todos em direção aos Estados Unidos), a TMT parou esta semana. A empresa tem uma dívida de cerca de R$ 200 milhões com cinco bancos, enfrenta dificuldades para quitar o débito e tenta, desde o fim do ano passado, aprovar junto a eles um plano de recuperação extrajudicial. Três dos credores Bradesco, HSBC e Itaú acataram o plano de recuperação e renegociaram o prazo para o pagamento da dívida, ao contrário dos bancos Unibanco e Alfa.
Mas o plano de recuperação não foi homologado pela Justiça e o Unibanco resolveu cobrar R$ 37,986 milhões da TMT, provocando o bloqueio judicial das suas contas. Um recurso apresentado pela empresa ao Tribunal de Justiça do Paraná foi negado na quarta-feira.
Ontem, diretores e advogados da empresa se reuniram em São Paulo para decidir os próximos passos. Embora no despacho do desembargador Lauri Caetano da Silva, do TJ-PR, na quarta-feira, conste a expressão "risco de falência", a TMT informa, por meio da assessoria de imprensa, que esta hipótese está descartada, assim como a demissão de funcionários. A assessoria informou ainda que os bancos credores são solidários à empresa inclusive o Unibanco, que procurou a TMT ontem para buscar uma solução para a crise.
Chrysler
A TMT ocupa a fábrica onde eram produzidas as picapes Dakota, da germano-americana DaimlerChrysler. A empresa chegou a Campo Largo em meados da década de 90, e começou a produzir em abril de 1998. Menos de três anos depois, em setembro de 2001, a Chrysler fechou as portas definitivamente, já que a Dakota não vendeu como era esperado. Na época, a empresa divulgou comunicado afirmando que, após estudos, "não foi identificada a oportunidade de fabricar outro produto" na fábrica paranaense.
A compra de parte da linha de montagem e sua adaptação para os motores da Tecumseh consumiram a maior parte dos empréstimos feitos pela TMT.
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