Representantes dos funcionários da Varig, acompanhados de parlamentares, protocolaram nesta terça-feira no Palácio do Planalto uma proposta de recuperação da companhia aérea. Os funcionários queriam ser recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas concordaram em se reunir com os ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Waldir Pires (Defesa), no Ministério da Defesa.
A chegada da comissão ao Palácio foi marcada por enfrentamento com os seguranças, que tentavam impedir o ingresso no Planalto, e bate-boca entre parlamentares. O deputado Carlos Batata (PFL-PE) discutiu com o deputado Marco Maia (PT-RS), reclamando que no governo passado a oposição não era impedida de entrar no Planalto. Enquanto a comissão entrava no Planalto, cerca de 300 trabalhadores da Varig se concentravam na Praça dos Três Poderes, com bandeiras e faixas.
- Não assistiremos à Varig morrer passivamente - disse Marcio Marsillac, representante dos trabalhadores da companhia aérea.
Cerca de 600 funcionários da Varig participaram nesta terça-feira de uma manifestação no aeroporto Santos Dumont, no Rio. A manifestação começou às 15h e fez parte dos movimentos realizados nos aeroportos de São Paulo e Porto Alegre, também nesta terça-feira. Os manifestantes, muitos com o rosto pintado de verde e amarelo, esticaram uma bandeira com as mesmas cores no hall do aeroporto. Com faixas e cartazes, pediram a ajuda do governo para salvar a companhia.
A governadora Rosinha Matheus, que desembarcava de um vôo vindo de Brasília, subiu no carro de som onde estavam sindicalistas e se comprometeu a tentar ajudar a Varig. Neste momento, funcionários estão no saguão do aeroporto aguardando informações das reuniões que foram realizadas e estão em andamento em Brasília.
A chamada "Marcha pela Salvação da Varig" é uma tentativa dos colaboradores de buscar, de forma objetiva, o apoio - por meio de linha de crédito - do governo federal à empresa e deverá marcar a entrega de uma nova proposta ao governo.
Funcionários deixaram o aeroporto do Galeão, no Rio, na manhã desta segunda-feira em vôo fretado pelas associações signatárias da "Marcha" pouco depois de promoverem um protesto próximo à área de embarque. O avião usado foi um MD-11 (330 passageiros), utilizado pela Varig em vôos internacionais. Ao chegarem a Brasília, desceram do avião e deram as mãos em torno da aeronave, em um abraço simbólico à companhia.
Os funcionários da Varig aceitam abrir mão de parte do fundo de previdência, uma redução de 30% nos salários e a demissão de 2,9 mil empregados. O sacrifício, de acordo com eles, pode injetar de imediato mais de R$ 200 milhões na empresa. Os recursos dariam à Varig a chance de colocar de novo em operação 21 aviões que estão parados por falta de manutenção e também pagar as indenizações dos que forem demitidos. Em contrapartida, os empregados querem mais prazo para a Varig pagar as dívidas com empresas privadas e públicas, como a Infraero.
- De pouco vai adiantar para mim e para os meus colegas ter futuro se a gente não tiver presente. Essa é realidade. Nós preferíamos entregar isto que está guardado para representar o nosso futuro e investir para manter o nosso presente. E, efetivamente, a gente tem plena convicção de que essa empresa é viável e de que nós poderemos não ser remunerados por esse investimento, mas manter os empregos e continuar recebendo os nossos salários - afirmou, na segunda-feira, o coordenador dos Trabalhadores do Grupo Varig (TBV), Márcio Marsillac.
Reunidos em Brasília, os diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não aceitaram a proposta de parceria entre a Varig e a empresa Ocean Air. A Ocean Air entraria com os aviões, e a Varig com os passageiros. Assim, a empresa, mesmo em crise, manteria as linhas em operação. Mas a Anac alegou razões jurídicas e técnicas para recusar a proposta.
No Rio de Janeiro, o presidente da Varig, Marcelo Bottinni, lamentou na segunda-feira a decisão da Anac e disse que espera a compreensão do governo e dos credores para chegar a um acordo e manter a Varig no ar.
- É extremamente importante que nós viabilizemos nossas negociações com os credores, com os investidores, para que nós possamos dar a sustentabilidade necessária para isso - declarou Bottinni.
O governo continua tentando encontrar uma solução para a crise da Varig, mas há muita resistência a se usar dinheiro público nesta operação para salvar uma empresa privada. O governo é um dos credores da Varig, que mantém uma dívida que supera os R$ 7 bilhões.
Na manhã desta terça-feira, cerca de 300 funcionários da Varig realizaram uma manifestação no Aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo. Com caminhão de som e gritando palavras de ordem, eles pediram intervenção do governo na empresa para que sejam mantidas as operações da companhia aérea. O protesto deixou o trânsito parado na entrada do aeroporto.
Pelo menos outros 150 funcionários da Varig também realizaram um protesto no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre. A manifestação começou por volta das 6h, teve a duração de uma hora e pretendia mostrar a situação da empresa para a população e pedir apoio de parlamentares que embarcavam para Brasília.