Os cerca de 4,2 mil funcionários da fábrica de caminhões e ônibus da Volvo em Curitiba conseguiram o pagamento de R$ 30 mil de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e um aumento real nos salários de 3,5% na negociação encerrada nesta quarta-feira (15). O acordo foi fechado pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) com a direção da empresa após três dias de paralisações na fábrica para forçar as negociações.
A tentativa de acordo entre o sindicato e a empresa começou na semana passada. Como não houve esse acordo, a greve começou na sexta-feira (10). Na segunda-feira (13) somente os funcionários do primeiro turno trabalharam. Já na terça-feira (14) a paralisação foi total. Nesse período, segundo o SMC, a Volvo deixou de fabricar 328 caminhões. A unidade normalmente produz por dia 43 caminhões pesados, 74 leves e nove ônibus.
Além do PLR e aumento real, os trabalhadores conseguiram ainda a garantia de receber um vale-mercado de R$ 350 a partir de junho. O aumento salarial será concedido em setembro. A primeira parcela dp PLR (R$ 19 mil) será depositada neste mês. A segunda parte (R$ 11 mil) só será repassada em fevereiro de 2014. Mas, para receber o benefício, os funcionários precisam atingir 100% das metas estabelecidas em acordo. Algumas delas envolvem produtividade, assiduidade e qualidade dos produtos fabricados. A PLR vai injetar R$ 123 milhões na economia em 2013, ante R$ 120 milhões de 2012, segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A primeira proposta da Volvo, feita na quinta-feira (9), sugeria R$ 30 mil de PLR mais R$ 15 mil de adiantamento. Porém, ela foi rejeitada pelos trabalhadores e a empresa fez outra proposta, que também não foi aceita por conta do vale-mercado proposto R$ 265. "A negociação foi desgastante. Desde o começo a Volvo não concordava com nossas sugestões", disse o presidente do SMC, Sérgio Butka.
Segundo ele, o aumento do PLR - 20% maior que em 2012 foi decorrente de vários fatores. "A mobilização do trabalhador e o momento econômico nos ajudaram a conseguir essa vitória. Todas as classes deveriam aproveitar o cenário e reivindicar suas demandas, caso contrário vão continuar com salários baixos."
Além do aumento salarial, os trabalhadores reivindicavam diminuição das horas extras (o expediente é de segunda a sexta, mas nos últimos meses eles estavam trabalhando todos os sábados), regularização da terceirização e ajuste de metas. O sindicato divulgou que todos esses pedidos foram atendidos pela direção da fábrica.
O economista Sandro Silva, do Dieese, acredita que a PLR da Volvo é um dos maiores acordos paranaenses. "Pela minha experiência e pelo o que venho observando, o valor é maior que o de grandes montadoras". A PLR da General Motors, em São José dos Campos (SP), por exemplo, foi de R$ 6.3 mil. Já no Complexo Ford, também em São Paulo, a montadora propôs PLR de R$ 12,4 mil.
A Volvo foi procurada para comentar a negociação, mas até as 17h35, não havia sido possível conversar com algum representante da empresa.
A fábrica
A fábrica da Volvo, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), emprega 3 mil trabalhadores na fábrica e outro 1,2 milç no setor administrativo. A unidade produz diariamente 43 caminhões pesados, 74 caminhões leves e 9 ônibus. A montadora abastece o mercado interno e também Chile, Uruguai, Paraguai, México e outros países.
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