Cerca de 1,4 mil trabalhadores do primeiro turno de produção da Volvo fizeram hoje pela manhã uma paralisação de protesto pelas demissões de dois funcionários do setor de pintura da empresa. A manifestação cumpre a sinalização feita pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, que há 15 dias vem negociando alternativas à demissões em massa que a empresa pretende fazer para ajustar os custos à queda de vendas do setor.
De acordo com o vice-presidente do sindicato, Nelson Silva de Souza, os metalúrgicos estão tentando evitar o desligamento de 600 pessoas. Entre as alternativas, a entidade propôs a adoção do lay off–suspensão dos contratos de trabalho por até cinco meses, a exemplo do que foi feito na Renault –, e o uso do banco de horas normal ou emergencial. “Pelas nossas projeções, esses mecanismos seriam suficientes para evitar as demissões pelo menos até janeiro do ano que vem”, diz Souza. Entre as medidas já adotadas pela empresa para reduzir custos de produção diante da queda de vendas foi dar férias coletivas aos 1,5 mil trabalhadores do setor de caminhões, na semana passada.
Durante a negociação, o sindicato reforçou o posicionamento dos metalúrgicos, que não aceitariam demissões isoladas até que o acordo de suspensão de desligamento em massa fosse realizado. A paralisação de hoje, das 6 às 9 horas, foi para protestar pela demissão dos colegas. “Se até o fim das férias coletivas, no dia 4 de maio, a empresa não fizer a reintegração dos demitidos, vamos paralisar as atividades”, diz Souza. A proposta do sindicato é realizar uma grande assembleia no retorno das férias coletivas, na entrada do primeiro turno.
Segundo informações da área de comunicação corporativa da empresa, as demissões realizadas na quarta-feira (22) fazem parte da rotina da fábrica e estavam previstas dentro do turn over normal da unidade. A Volvo admite um excesso de 600 funcionários e esclarece que tem mantido negociações com o sindicato e os metalúrgicos para minimizar o impacto desses cortes. Entre as propostas, há a criação de Planos de Demissão Voluntária (PDV), redução de jornada de trabalho e programas de participação de lucros e resultados (PLR), todas com o objetivo de manter o quadro de colaboradores, apesar do cenário ruim de vendas de caminhões. A paralisação de hoje cedo não afetou a produção por conta das férias coletivas da empresa.