No fim do ano passado, quando vendeu o grupo Multi por quase R$ 2 bilhões para a britânica Pearson, no maior negócio de educação do país, o empresário curitibano Carlos Wizard Martins, 57 anos, anunciou que tiraria um ano sabático. Desde dezembro, passou por lugares como Finlândia, China, República Checa e Havaí. Mas a promessa de ficar um ano longe dos negócios foi quebrada.
Oito meses após se desfazer do maior grupo privado de cursos de idiomas e de ensino profissionalizante no Brasil, dono de marcas como Wizard, Skill e Yázigi, Martins anunciou a compra da maior rede de produtos naturais e orgânicos da América Latina, a Mundo Verde. O negócio, que está sujeito à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), não teve o valor divulgado. "Meus filhos estavam caçando oportunidades e nos identificamos com o conceito de alimentação saudável da marca", afirma Martins. "Nosso conhecimento do setor de franquias, por sua vez, vai ajudar na expansão da empresa", acrescenta.
Com 335 lojas e um faturamento estimado para este ano de R$ 400 milhões, a rede pertencia desde 2009 ao fundo de private equity Axxon, que investiu na ocasião R$ 5 milhões na companhia, dona, na época, de 126 lojas. "Entramos em contato com eles há cerca de três meses e as negociações foram muito rápidas. Como pertencia a um fundo, a companhia já tinha balanço auditado e não corríamos o risco de encontrar surpresas", explica Martins.
O empresário vai assumir a presidência do Conselho da empresa e seu filho, Charles Martins, ocupará a presidência executiva da rede. A meta dos novos donos, para 2018, é transformar a Mundo Verde em uma empresa de R$ 1 bilhão de faturamento, com cerca de 600 lojas.
Tendência
De acordo com o consultor Marcelo Cherto, apesar de ser líder isolada em seu setor, a rede tem ainda um grande potencial de expansão. "O setor de alimentação saudável cresce a taxas muito altas e a busca por mais saúde não é uma moda. É uma tendência mundial", explica Cherto.
Para o consultor, o desafio da família Martins no controle da companhia é estender para os franqueados, de forma mais estruturada, ferramentas de controle financeiro, para organizar melhor estoques e fluxo de caixa. "O fundo de private equity já fez um grande trabalho lá dentro ao criar uma central de compras e organizar a logística", explica Cherto.
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