Depois de comprar a cerveja Budweiser, a rede Burger King e o ketchup Heinz, o trio brasileiro do fundo 3G Capital Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles decidiu entrar no ramo do café da manhã para concorrer com a gigante Starbucks e disputar um mercado em crescimento dentro e fora dos Estados Unidos. Para isso, a rede de fast food Burger King comprou a canadense Tim Hortons, uma cadeia de café que atua principalmente no Canadá e nos EUA, por US$ 11,5 bilhões.
Dono dos maiores ícones do consumo dos EUA, o trio vai combinar o negócio de hambúrguer, restrito a refeições rápidas no almoço, com o de café da manhã, ramo reinventado pela Starbucks, que investiu pesado na primeira refeição do dia. O café da manhã é a refeição fora de casa que mais cresce nos EUA. Movimenta cerca de US$ 50 bilhões por ano e já representa quase a metade do negócio das redes de fast food, segundo dados de 2013 da consultoria Sanford C. Bernstein & Co.
As marcas Burger King e Tim Hortons vão continuar operando separadamente, mas poderão "compartilhar lojas nas mesmas esquinas", diz Alex Behring, presidente do conselho do Burger King. A rede de fast food continuará sendo americana, com sede em Miami, e a cadeia Tim Hortons segue em Ontário, no Canadá. A nova companhia, que nasce com 18 mil pontos de venda e será a terceira maior, com receita de cerca de US$ 23 bilhões, ficará no Canadá, sob o comando de Daniel Schwartz, hoje presidente do Burger King.
O controle da nova empresa fica com o fundo 3G, dono de cerca de 51% das ações. Os brasileiros são ainda os maiores acionistas da Ambev, a maior cervejaria do mundo, dona da Brahma e da Skol.
Menos imposto
Para analistas, a escolha do Canadá para sediar a holding também é motivada por vantagens tributárias. O imposto pago pelas companhias canadenses gira em torno de 25%, enquanto nos EUA chega a 40%.
Questionado sobre o assunto, Behring disse que o impacto tributário não é relevante, uma vez que as companhias seguem em seus países sede, recolhendo tributos sob a regra local. Apenas a holding seria favorecida.
As duas redes preveem expansão para outras regiões, mas não detalharam planos.
Cristina Franco, presidente da Associação Brasileira de Franchising, avalia que os brasileiros do 3G devem "olhar com carinho" para o mercado brasileiro. "O país tem uma situação de pleno emprego e cresce o número de pessoas que faz refeições fora de casa."