Com uma valorização de 29,6% da Bolsa de Valores de São Paulo em 2006, a maior desde 2003, os fundos de investimentos em ações foram a melhor opção para o investidor ao longo do ano.

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Segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), os fundos de ação com alavancagem ganharam 42,09% no ano, até o dia 22, se configurando como o investimento mais rentável.

Durante o mesmo período, a captação líquida desses fundos ficou positiva em R$ 211,467 milhões. Mas, apesar da promessa de ganhos mais robustos, em meio a um cenário econômico traqüilo, a maior parte dos investidores ainda prefere opções mais seguras para aplicar seu dinheiro.

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Prova disso é que os fundos de renda fixa - que remuneram o investidor com percentuais próximos aos da taxa básica Selic no momento da aplicação (por isso, são pré-fixados) - foram os que tiveram maior captação líquida no acumulado do ano. Durante o período, cerca de R$ 133,593 bilhões se destinaram a este tipo de produto, cujo ganho foi de 14,99%.

Os que tiveram menor aceitação - e, portanto, maior saída de fluxo - foram os fundos DI. Este tipo de produto, que perdeu R$ 2,569 bilhões no acumulado do ano, tende a ser menos vantajoso em momentos de queda da taxa de juros. Isto porque sua correção é pós-fixada, acompanhando a variação da taxa básica Selic, que caiu de 17,25%, em janeiro, para 13,25% neste final de ano. Quem apostou no produto, viu seu dinheiro render 14,60% até dezembro.

Também merecem destaque positivo os fundos FGTS Petrobras, que ganharam 29,14% no ano, e FGTS Vale do Rio Doce, que se valorizaram 30,41%.

Os fundos cambiais, por sua vez, foram a pior opção do ano, com rentabilidade negativa de 3,25% e saída líquida de R$ 717 milhões no acumulado entre janeiro e dezembro.

Mas, se por um lado o cenário parece positivo para o mercado de ações - com saldo positivo de mais de R$ 1,5 bilhão de recursos estrangeiros na Bovespa no ano, o mesmo não acontece nos investimentos diretos - que geram empregos e renda.

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Segundo estimativas da Sobeet, este volume de recursos deverá ficar em US$18 bilhões, contra US$ 26 bilhões que deverão ser investidos do Brasil no exterior.

Segundo a economista-chefe do BES Investimentos, Sandra Utsumi, o país ainda está em condições bem desvantajosas em termos de avaliação de risco quando comparado a outros emergentes.

- Claramente, se você olhar o fluxo de investimentos diretos no mundo e a competitividade da economia brasileira, o Brasil teve um desempenho abaixo dos países emergentes de ponta. A atratividade do país, sem ser no mercado financeiro, fica a desejar porque sem as reformas básicas, como trabalhista, previdenciária e fiscal, não é possível crescer.

Em 2006, diz, o país conseguiu consolidar sua estabilidade macroeconômica, com inflação em baixa e juros em queda. Mas a pedra no sapato foi o fato de o Brasil não conseguir crescer. Segundo estimativas do IPEA, o país deverá ter expansão de apenas 2,85% neste ano.

- O fato de o Brasil não ter crescido, mesmo com a queda das taxas de juros, é atribuída, em parte, à valorização cambial que tirou a atratividade das exportações e aumentou o volume de importações. Além disso, há uma ineficiência estrutural no país, física e de arcabouço juridico. Temos uma legislação trabalhista atrasada e custos fiscais e de previdência muito elevados. E isso é o que mais pesa na decisão de investimento - explica Sandra, para quem o governo deixou o aspecto micro-econômico de lado ao longo deste ano.

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- A política monetária do Banco Central é o menor dos problemas do Brasil.