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O Conselho de Administração da Sadia anunciou nesta segunda-feira (6), a nomeação do ex-ministro Luiz Fernando Furlan para a presidência do conselho, após aceitar as cartas de renúncia de seu presidente, Walter Fontana Filho, e do vice-presidente, Eduardo Fontana d'Avila, aos cargos de membros do Conselho. Furlan é ex-ministro do Desenvolvimento do governo Lula, e foi substituído pelo atual ministro, Miguel Jorge. Antes de assumir o cargo no governo, Furlan já havia sido presidente do Conselho de Administração do Grupo Sadia, do qual é acionista. Durante reunião extraordinária, realizada nesta segunda, foi decidido também que o outro cargo não será preenchido e, por enquanto, as funções de vice-presidente não serão atribuídas a nenhum outro membro.

A troca acontece após o reconhecimento da Sadia, feito na semana passada, de que a empresa terá que computar elevadas perdas no próximo balanço. O prejuízo é resultado de operações no mercado de câmbio. A perda da Sadia, que chega a R$ 760 milhões, provocou a demissão do diretor de Finanças e Desenvolvimento Corporativo da companhia, Adriano Lima Ferreira.

O problema com a Sadia, que também atingiu a Aracruz, pode ser o primeiro sinal de que a crise norte-americana chegou ao Brasil. Isso porque estas perdas são decorrentes da alta do dólar, motivada pela aversão ao risco que tomou conta dos mercados. Regra geral, em momentos de crise, os investidores buscam segurança em títulos da dívida norte-americana, o que provoca a valorização do dólar.

Tanto a Sadia quanto a Aracruz realizaram operações no mercado de derivativos de câmbio - a empresa se posicionava buscando ter lucro com a eventual manutenção da tendência de valorização do real ante o dólar, o que acabou não acontecendo devido ao agravamento da crise. A alta do dólar, que chegou a beirar os 18% em setembro, fez com estas operações resultassem em prejuízo.

O diretor de Controladoria e Relações com Investidores, Welson Teixeira Junior - substituto do diretor demitido -, afirmou que as posições da empresa nos derivativos de câmbio excederam as políticas da companhia e que por isso foi necessário realizar o enquadramento, por meio da liquidação dos contratos, assumindo os prejuízos.

"Isso ocorreu de maneira bastante rápida, em meio à crise. Assim que foi detectado, o conselho tomou conhecimento e imediatamente determinou o reenquadramento", afirmou o executivo, acrescentando que a companhia vai investigar de forma detalhada o ocorrido e poderá, eventualmente, divulgar novos esclarecimentos.

Empresas de alimentos brasileiras com forte atuação em exportações normalmente atuam com derivativos de câmbio buscando compensar (hedge/segurança) eventuais perdas em receita nas exportações geradas pela valorização do real frente ao dólar. Mas no caso da Sadia, como reconheceu o diretor, as operações extrapolaram o hedge que seria adequado. Questionado se em momentos anteriores à crise, já que essas operações ocorriam há algum tempo, a empresa registrou lucros devido à queda do dólar, o diretor disse não possuir, no momento, detalhes sobre isso.

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