O presidente do Conselho de Administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, disse nesta terça-feira (19) que não há sobreposições entre as fábricas da Sadia e da Perdigão. Segundo ele, a preocupação das companhias após a fusão, anunciada nesta terça-feira, será ampliar a produção e conquistar novos mercados, especialmente no exterior. "Vamos otimizar a logística de exportação, compartilhando navios e armazéns", disse. Ele ressaltou que a Brasil Foods vai ser a maior empregadora privada do País, com mais de 100 mil funcionários. No fim de 2008, as empresas tinham juntas 120 mil empregados.
O presidente do Conselho de Administração da Perdigão, Nildemar Secches, informou também que as marcas e produtos das duas companhias serão mantidos no mercado. "Vamos ter uma eficiência melhor para atingir novos consumidores a preços acessíveis e boa qualidade", disse. Segundo ele, a união entre as duas empresas tem sido aguardada por dez anos, quando foi feito o primeiro contrato entre as companhias para o projeto. "Temos convicção de que estamos criando um campeão, empresa brasileira de porte mundial, que deve ser no curto prazo o maior exportador de carnes processadas do mundo", disse Furlan.
As operações da Sadia e da Perdigão ficarão separadas até a aprovação do negócio pelos órgãos de defesa da concorrência. Segundo Furlan, os executivos vão visitar autoridades destes órgãos para apresentar a operação. Ele lembrou que várias empresas competem no mercado, como Cargill, Bunge e Tyson, o que favorece a concorrência. "Nenhuma empresa aumenta as vendas subindo o preço. Queremos privilegiar o crescimento", disse.
Ações
A oferta pública de ações para captação de recursos no valor
estimado de R$ 4 bilhões deve ser feita pela Brasil Foods, empresa resultante da união entre Sadia e Perdigão, até o fim de julho, disse Furlan. Ele informou que será contratada, em breve, uma empresa para analisar as sinergias entre as fabricantes. No momento, existem três ou quatro empresas fazendo propostas para a Brasil Foods.
Os acionistas da Perdigão ficarão com uma fatia de 68% da Brasil Foods, empresa resultante da fusão com a Sadia. Já os acionistas da Sadia terão participação de 32%, informou o presidente do Conselho de Administração da Perdigão. Segundo Secches, a presidência do conselho será compartilhada entre ele e o presidente do conselho da Sadia. Ele destacou que a união contempla a parte operacional das empresas, excluindo as atividades financeiras.
A oferta pública que será feita pela Brasil Foods dará tranquilidade para a nova companhia, que nasce com uma dívida líquida de R$ 10 bilhões. O presidente do Conselho de Administração da Sadia disse que o faturamento da nova companhia deve chegar a R$ 30 bilhões. "Com a emissão, nossa dívida passará para R$ 6 bilhões, o que nos colocará em razoável conforto", disse. Ele ressaltou que o dinheiro captado na oferta será usado para reduzir dívidas mais caras e de curto prazo. Segundo Furlan, a Brasil Foods terá fôlego para "pisar no acelerador" quando o mercado melhorar após a crise mundial. "Poderemos dar um salto de vendas, o que implica na criação de empregos", disse.