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Fusão abala (de novo) as telefônicas

Sede da Oi: mercado esperava novidades desde que ex-presidente da PT assumiu a empresa | Nacho Doce/Reuters
Sede da Oi: mercado esperava novidades desde que ex-presidente da PT assumiu a empresa (Foto: Nacho Doce/Reuters)

A Oi e a Portugal Telecom, uma das principais acionistas da operadora brasileira, anunciaram ontem um acordo preliminar para uma fusão de suas operações que prevê um aumento de capital de pelo menos R$ 7 bilhões de reais na Oi. A operação criará a CorpCo, uma multinacional com cerca de 100 milhões de clientes e permitirá um melhor aproveitamento para recursos da ordem de cerca de R$ 5,5 bilhões, afirmaram os grupos.

Segundo o documento, essa economia virá do aumento de escala das atividades e dos ganhos advindos da união das duas grandes empresas de telecomunicações. A operação será finalizada no primeiro semestre de 2014 e simplificará a complexa estrutura societária atual das duas empresas. Segundo as empresas, a CorpCo não terá acionista ou grupo de investidores vinculados que detenham a maioria das ações votantes da companhia.

Agitação

O segmento de telecomunicações está em grande agitação. O anúncio da fusão vem uma semana depois de a espanhola Telefónica fechar acordo com os principais acionistas da holding controladora da Telecom Italia para aumentar participação no grupo. No Brasil, a Telefónica controla a Vivo e a Telecom Italia detém a TIM, rivais da Oi. A própria Oi fez já poucos dias um grande corte em sua política de dividendos, pressionada por uma dívida líquida de quase R$ 30 bilhões e pela necessidade de acelerar investimentos no país.

O mercado especulava há meses sobre a união das duas companhias, em apostas que foram reforçadas a partir de junho quando o executivo Zeinal Bava deixou o comando da Portugal Telecom para liderar a Oi. A empresa portuguesa é, desde 2010, uma das principais acionistas da Oi, depois de ter vendido à Telefónica a participação que tinha na Vivo.

A CorpCo tem a ambição de estar entre as maiores do mundo, com significativo potencial de crescimento no Brasil, disse o presidente-executivo da Oi e da PT Portugal, que confia na redução da dívida do grupo e melhoria de flexibilidade financeira. A ação da empresa portuguesa disparou mais de 20% após o anúncio. "A ambição é estar entre os maiores players globais, assumindo uma vocação multinacional", disse Zeinal Bava.

Fusão vai beneficiar consumidor, diz ministro

O ministro das Comu­ni­ca­ções, Paulo Bernardo, disse que a fusão entre a Portugal Telecom e a Oi/Brasil Telecom representa a consolidação de um processo que já estava sendo desenhado desde a compra de participações na Oi pela empresa portuguesa. "O caso da Brasil Telecom com a Portugal Telecom já vinha sendo anunciado. Ela já tinha entrado como sócia, e agora anunciaram movimento de fusão entre as duas empresas. Para nós, competição é bom. Ajuda o mercado. A briga entre elas faz com que o consumidor acabe ganhando", disse Paulo Bernardo, durante audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado.

TIM e Vivo

Paulo Bernardo citou outro negócio entre duas grandes do setor: a Vivo, do grupo espanhol Telefônica, e a TIM, ligada à Telecom Itália. "Em 2007, a Telefônica passou a fazer parte de um bloco que tem controle das ações estratégicas da Telecom Itália. Dez dias atrás, anunciaram que a Telefônica pode aumentar sua participação nesse bloco. Colocaram dinheiro para pagar a dívida, o que pode ser exercício para aumento de capital. Isso pode ser anunciado em janeiro", disse o ministro.

Bernardo lembrou que só a TIM tem 78 milhões de números de celulares no mercado brasileiro, e a Vivo, cerca de 85 milhões. "O que temos de concreto é que eles têm até o final dessa semana para apresentar documentação ao Cade e à Anatel, e que há um acordo prevendo que a Vivo não pode participar das decisões estratégicas da TIM" explicou.

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